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PF rastreia frota de R$ 28 milhões com jovens ricaços da Farra do INSS

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PF rastreia frota de R$ 28 milhões com jovens ricaços da Farra do INSS

A Polícia Federal (PF) identificou uma frota milionária de carros de luxo que pertence ao grupo de jovens ricaços que controlavam de quatro associações investigadas por envolvimento na farra dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelada pelo Metrópoles.

No último dia 9/10, esse grupo foi alvo da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF contra o esquema que teria desviado até R$ 6,3 bilhões dos contracheques de milhões de aposentados do país. Na ocasião, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a busca e apreensão de 29 carrões rastreados pelos investigadores na Grande São Paulo.

Entre os veículos registrados nos nomes dos investigados por envolvimentos nas fraudes do INSS estão uma Ferrari, cinco BMWs e 16 Porsches. Em levantamento feito pela reportagem com base na tabela de preços de carros da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a frota de luxo é avaliada em pelo menos R$ 27,7 milhões.

Os carros pertencem a empresários, familiares ou empresas ligadas às entidades Amar Brasil Clube de Benefícios (Amar Brasil), Master Prev, Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDAPP), a Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (ASAAP).

Juntas, essas associações arrecadaram R$ 700 milhões com descontos de mensalidade associativa de aposentados e pensionistas do INSS.

Como mostrou o Metrópoles, essas entidades são controladas pelos empresários Américo Monte Junior, Anderson Cordeiro, Felipe Macedo Gomes e Igor Dias Delecrode. As associações contrataram a empresa Soluções Power BI, de Delecrode, para fraudar a biometria e assinatura de novos filiados.

A maior parte dos carros alvo da busca e apreensão está registrada em nome de Felipe Gomes, de parentes dele, ou de alguma de suas empresas. Segundo a PF, Gomes foi presidente da Amar Brasil e é apontado como “o principal operador financeiro do grupo”. Ele nega as acusações.

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A corporação não detalhou a quem pertencem os bens apreendidos

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O material recolhido será submetido à perícia.

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Uma moto Ducati, considerada a Ferrari das motos, também foi apreendida

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Entre os veículos estão um Mini Cooper e um Jeeps

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Uma ferrari foi encontrada no endereço

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A frota de carros de luxo foram apreendidas em nova fase da Operação Sem Desconto nesta quinta-feira (9/10)

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A apreensão ocorreu em nova fase da Operação Sem Desconto

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Os veículos foram apreendidos nesta quinta-feira

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Cédulas, eletrônicos e armas também foram apreendidos

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As ações ocorreram em oito estados e no Distrito Federal, totalizando 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

Divulgação/PF

Assim como seus sócios, o empresário ostenta roupas de estilistas famosos, relógios de luxo e carros esportivos. A vida de Gomes, porém, nem sempre foi assim, segundo a PF. Antes do auge da Farra do INSS, entre 2023 e 2024, ele tinha uma “realidade patrimonial modesta”. Como exemplo, os investigadores citam que ele possuía em seu nome apenas um GOL GTS, de 1993, e um Fiat Linea 20 anos mais novo.

“Até alguns anos atrás, Felipe possuía apenas um  FIAT/LINEA 2013 e um VW/GOL GTS 1993, uma realidade patrimonial modesta em comparação aos carros de luxo registrados em seu nome nos últimos três anos. Essa evolução patrimonial é compatível com a condição de suposto beneficiário de milhões de reais desviados pela Amar Brasil Clube de Benefícios, organização utilizada para realizar descontos indevidos em milhares de aposentadorias no país”, diz a PF.

O Metrópoles também mostrou que em um “testemunho”, numa igreja evangélica de Alphaville, bairro nobre de Barueri, na Grande São Paulo, Gomes atribuiu os ganhos da época da farra à “mão de Deus”. Segundo um pastor dessa igreja, ele doou uma BMW ao religioso, mas depois pediu o carro de volta.

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Relação com ex-ministros

Felipe Gomes também tem um elo com dois ex-ministros da Previdência do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A família dele tem uma amizade antiga com parentes de José Carlos Oliveira, que também comandou o INSS e depois mudou o nome para Ahmed Mohamad Oliveira.

O tio de Felipe foi morto junto com um primo de Oliveira ao sair de um restaurante de alto padrão na zona sul de São Paulo, em 2013. Eles foram fuzilados com 50 disparos. O crime selou um elo entre as vítimas que durou até os dias de hoje. Na época da farra dos descontos indevidos, Oliveira e Gomes se reuniam com frequência em restaurantes na capital paulista.

Felipe Gomes também fez uma doação de R$ 60 mil para a campanha do ex-ministro da Previdência Onyx Lorenzoni (PP), que concorreu ao governo do Rio Grande do Sul, em 2022. Para os investigadores, o repasse não teve relação com a Farra do INSS. Onyx nega qualquer irregularidade na doação, bem como envolvimento nas fraudes.

“Trata-se de doação de pessoa física, registrada junto ao TSE, para campanha eleitoral de Onyx Lorenzoni, deputado federal na época dos fatos. Logo, cuida-se de fato sem qualquer relação com os delitos ora investigados no presente apuratório, que estão relacionados a descontos indevidos em aposentadorias do INSS”, afirma a PF.

O Metrópoles apurou que Gomes cogitou entrar para a política e a doação a Onyx era parte deste plano. No entanto, as associações de aposentados se tornaram um negócio muito lucrativo, o que fez Felipe Gomes se concentrar na vida empresarial.

Veja os carrões dos jovens ricaços

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