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PM amante e vizinho ajudaram a ocultar corpo de estudante, diz MPSP

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PM amante e vizinho ajudaram a ocultar corpo de estudante, diz MPSP

O estudante da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Marcos Yuri Amorim, preso preventivamente sob suspeita de matar a namorada, Carmen de Oliveira Alves, teve ajuda do policial militar ambiental da reserva Roberto Carlos de Oliveira, amante dele e também preso preventivamente, e de um vizinho, identificado como Paulo Henrique Messa, para ocultar o corpo da jovem. O caso aconteceu em Ilha Solteira, no interior de São Paulo.

As informações estão na denúncia do Ministério Público paulista (MPSP) oferecida à Justiça na última segunda (20/10).

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Sem respostas por quase 29 dias, amigos e familiares de Carmen iniciaram movimentos de buscas nas redes sociais

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A jovem desapareceu após fazer uma prova do curso de zootecnia, no dia 12 de junho, quando foi vista pela última vez, na saída do Campus Ilha Solteira da Unesp

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Carmen de Oliveira Alves, estudante assassinada

Arquivo Pessoal

Relembre o caso

Dinâmica do assassinato

Segundo a denúncia, Carmen e Yuri passaram a noite juntos no sítio dele, em Ilha Solteira. Pela manhã, foram à faculdade, onde apresentaram um trabalho de microbiologia. Após a aula, ele tentou visitar Roberto, mas não o encontrou em casa. Em seguida, retornou ao sítio, onde a namorada já o esperava.

No sítio, Yuri agrediu Carmen, fazendo com que ela caísse desacordada no chão. Ele chamou Roberto, que chegou cerca de 30 minutos depois em sua caminhonete, uma L200 Triton.

Juntos, os dois mataram Carmen com o uso de uma barra de ferro. Eles enrolaram o corpo da vítima e a arma utilizada no crime em uma lona, e colocaram na traseira do veículo, junto com a bicicleta elétrica da estudante, também ainda não encontrada.

A dupla deixou o corpo de Carmen em local incerto, distante do sítio, e retornou para limpar os vestígios do homicídio.

“Inicialmente, retiraram a terra por onde o sangue da vítima escorreu, depositando-a em um balde e cobriram-no com um saco de ração. Na sequência, os denunciados colocaram o balde com a terra ensanguentada, o saco de ração, uma pá e uma enxada na carroceria da caminhonete de Roberto e seguiram no veículo rumo ao bairro Ipê”, diz trecho da denúncia.

No percurso, cerca de três horas depois da morte de Carmen, Yuri utilizou o celular dela para acessar uma pasta no Google Drive em que a estudante havia reunido provas de crimes supostamente cometidos por ele. O suspeito apagou todos os documentos. Em seguida, o celular da vítima foi destruído e jogado em um acostamento, próximo ao bairro Ipê.

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Vizinho ajudou a ocultar o corpo

Mais tarde, Yuri foi até o sítio de Paulo Henrique, seu vizinho – o que ficou provado, pois os dois utilizaram a mesma rede Wi-Fi disponível para acesso no imóvel. Minutos antes, Paulo havia feito compras em uma loja chamada Ardel Náutica e Pesca.

Eles ficaram poucos minutos no sítio de Paulo e, depois, seguiram de barco para o endereço de Yuri – ambos os imóveis ficam às margens do Rio São José.

“Ao chegarem no sítio de Marcos Yuri, Paulo e Marcos Yuri colocaram no barco o corpo de Carmen, o instrumento utilizado no crime e a bicicleta elétrica da vítima e seguiram a local incerto para ocultá-lo. Até o momento da presente denúncia, não se sabe o local onde os denunciados ocultaram o corpo da vítima”, diz outro trecho da denúncia.

A investigação mostrou que Paulo e Yuri estiveram juntos entre 14h38 e 14h53 e entre 15h18 e 18h34 daquele 12 de junho, “concluindo a execução da ocultação do corpo de Carmen e do instrumento utilizado no dia dos fatos”.

Naquela noite, Roberto retornou ao sítio de Yuri, onde juntos ocultaram provas digitais, retirando o cartão de memória da câmara de segurança do sítio e substituindo o roteador da internet, sendo que ambos funcionavam até aquela data.

Ocultação de provas

Além da limpeza de vestígios feita na data do crime, os suspeitos se dedicaram a ocultar provas do ocorrido nos dias seguintes ao homicídio. Em 14 de junho, o vizinho Paulo instruiu Yuri, por meio de uma terceira pessoa, a apagar conversas no celular.

“O Paulinho me ligou aqui, falando que não tá na cidade, tá lá em Americana, vazou pra lá, tá lá e só falou o seguinte, pro Yuri apagar todo esse tipo de conversa no celular dele ou para ele pegar o celular dele e jogar fora”, diz transcrição presente na denúncia.

Segundo a promotoria, o interlocutor se referia a mensagens em que Yuri afirmava para pessoas de seu círculo íntimo que pretendia matar Carmen.

“Falei, mano, pega o seu celular e quebra seu celular, joga fora, não deixa nada no seu celular, nada, nada, nada, nada como prova, entendeu? E eu falei mano, apaga todos os tipos de conversa minha, com a sua mãe, com a Lara, com todo mundo que você falou que você ia matar essa Carmem, você apaga, pelo amor de Deus, não deixa nada no seu celular”, diz outro trecho.

No dia seguinte, Yuri foi a um encontro de motos que ocorria em Ilha Solteira, orientado por Roberto para criar um álibi, e formatou seu celular. Em seguida, destruiu completamente o objeto.

Roberto, por sua vez, excluiu os registros de chamadas e conversas do WhatsApp anteriores ao dia 16 de junho, incluindo o contato de Paulo.

MPSP denuncia três suspeitos

Para a promotora Laís Deguti, é evidente que Yuri e Roberto praticaram feminicídio contra Carmen, também com finalidade de garantir impunidade por crime anterior. Os dois, juntamente de Paulo Henrique, ocultaram o corpo da vítima, além de terem alterado a cena do crime e destruído provas.

Com isso, a promotoria denunciou Yuri e Roberto por feminicídio com a qualificadora de ter cometido o crime para assegurar a execução, impunidade ou vantagem de outro crime. Eles também foram denunciados por ocultação de cadáver e fraude processual.

Paulo Henrique foi denunciado por ocultação de cadáver e fraude processual. Deguti destacou que ele fugiu para Americana após o cometimento do crime, e pediu pela prisão preventiva do suspeito. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ainda deve analisar os pedidos.

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