Nesta quarta-feira (15/10), data em que a execução do ex-delegado Ruy Ferraz completa um mês, a Polícia Civil prendeu o sexto suspeito de envolvimento no caso. Conhecido como Matemático, Danilo Pereira Pena, de 36 anos, foi detido no Morumbi, zona sul da cidade, por agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
“Segundo as investigações, ele teria organizado parte da operação criminosa, incumbindo outro indivíduo de transportar um terceiro participante. Ambos também já estão presos”, informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP), em nota.
O então secretário da Administração de Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi morto a tiros em uma emboscada no município da Baixada Santista. Atualmente, as autoridades trabalham com duas linhas principais de investigação: vingança do crime organizado e retaliação devido a um contrato milionário.
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Prisões anteriores
Os outros cinco detidos por suspeita de envolvimento na morte de Ruy Ferraz são:
- Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano, que teve digitais identificadas pela perícia em um dos carros usados no assassinato. Ele é apontado como “disciplina” da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) no ABC Paulista, na região metropolitana de São Paulo.
- William Silva Marques, dono da casa usada como QG do crime.
- Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar e apontado como um dos atiradores.
- Dahesley Oliveira Pires, acusada de ser a pessoa que buscou o fuzil no litoral paulista.
- Luiz Henrique Santos Batista, o Fofão, que teria sido responsável por dar carona para um dos criminosos fugir da cena do crime. A ação teria sido orientada por Danilo Pereira Pena, o Matemático, preso nesta quarta (15/10).
- Umberto Alberto Gomes, apontado como um possível atirador e morto em confronto com a polícia no Paraná. As impressões digitais dele foram detectadas em um imóvel em Mongaguá, que teria sido utilizado pela quadrilha antes do crime.
Linhas de investigação
Oficialmente, nenhuma hipótese é descartada pela Polícia Civil. Os investigadores consideram a possibilidade de participação de agentes públicos na execução de Ferraz de Ruy Ferraz. Como o Metrópoles mostrou anteriormente, o ex-delegado estaria supervisionando um contrato milionário de licitação, que previa a compra de equipamentos destinados à ampliação do sistema de videomonitoramento e Wi-Fi da gestão municipal.
Pelo menos cinco funcionários públicos são averiguados. Entre eles, o subsecretário de Gestão e Tecnologia de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini, que pediu exoneração do cargo em 3 de outubro.
Entre as linhas de apuração sobre o mando do crime, está também uma possível vingança do crime organizado. Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar o PCC no estado, há mais de 20 anos, e atuou na transferência de algumas das principais lideranças para presídios federais de segurança máxima, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Quem era Ruy Ferraz
Ruy Ferraz Fontes atuou por mais de 40 anos Polícia Civil de São Paulo e era especialista na facção criminosa PCC. Ele iniciou a carreira como delegado de polícia titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
Durante a vida profissional, foi delegado de polícia assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Também atuou como delegado de polícia titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Além disso, Ferraz foi delegado de polícia titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na capital. O então secretário de Administração de Praia Grande também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Ele ainda foi professor assistente de criminologia e direito processual penal da Universidade Anhanguera e atou como professor de investigação policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Acadepol). Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, até ser morto.
O policial também foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000. Foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.