Adotar um pet é um gesto de carinho. Mas, quando o escolhido já tem pelos brancos e um olhar sereno, esse gesto se transforma em um ato de empatia. Apesar de todo o afeto e companheirismo que oferecem, cães e gatos idosos ainda são os que mais demoram para encontrar um lar.
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De acordo com o médico-veterinário Bryam Amorim, o motivo está em um estigma difícil de romper. “Ainda existe um preconceito na sociedade de que animais idosos ‘dão mais trabalho’ ou ‘vão viver menos’, o que afasta possíveis adotantes”, explica.
Segundo ele, muitos tutores também desejam acompanhar o pet desde filhote, o que pesa na decisão.
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A realidade, porém, é bem diferente. “Grande parte deles é mais calma, previsível e adaptada à convivência doméstica”, diz Bryam. Para o veterinário, envelhecer não é sinônimo de limitação, e sim de uma nova fase — “que também pode ser repleta de afeto e aprendizado”.
Ele lembra que muitos desses animais passam anos em abrigos sem serem escolhidos.
“Nossos abrigos estão repletos de animaizinhos adultos e idosos, muitos deles, infelizmente, jamais terão a chance de dormir numa cama quentinha e compartilhar o amor de uma família”, lamenta.
Cuidados e rotina adaptada
Adotar um pet idoso não significa ter mais trabalho, e sim oferecer uma rotina ajustada e confortável. O acompanhamento veterinário deve ser mais frequente e preventivo, com exames periódicos e controle de doenças metabólicas e articulares.
“Exames clínicos e laboratoriais são fundamentais para identificar precocemente alterações metabólicas, renais, cardíacas ou articulares”, recomenda Bryam.
Consultas regulares ajudam a identificar precocemente doenças comuns na velhice dos pets
Ele também aconselha manter vacinação atualizada e atenção redobrada com doenças periodontais, que afetam a saúde geral do animal.
A alimentação deve acompanhar essa fase da vida. “Rações ou dietas formuladas para idosos, que favoreçam o metabolismo mais lento, a digestibilidade e o suporte às articulações”, orienta.
Já o ambiente deve ser adaptado com tapetes antiderrapantes, rampas e locais de descanso acessíveis, para evitar quedas e desconfortos.
O amor exige paciência
Apesar da idade, cães e gatos continuam capazes de aprender e se adaptar. Segundo o especialista, a diferença está no tempo.
A conexão pode se consolidar de forma mais lenta, mas é igualmente profunda, repleta de gratidão e afeto. “Com paciência e respeito, o vínculo se forma de maneira sólida”, diz.
O veterinário destaca que, em alguns casos, o idoso pode apresentar insegurança ou ansiedade em um ambiente novo. Por isso, o ideal é manter uma rotina estável e previsível, para reforçar comportamentos positivos e transmitir segurança.
“Essas alterações nem sempre significam teimosia, são manifestações naturais do processo de envelhecimento”, explica.
Cães idosos costumam ser mais calmos e previsíveis, ideais para uma convivência harmoniosa
Idade é só um número
Adotar um animal idoso, segundo Bryam, é um ato de generosidade. “Eles costumam ser mais tranquilos e previsíveis, o que facilita a rotina. É dar uma oportunidade a uma vida que, muitas vezes, seria esquecida”, afirma.
Para quem ainda tem receio, ele deixa uma mensagem direta: “O envelhecimento não reduz o valor de um animal. Pelo contrário, traz uma história, uma personalidade formada e um amor maduro.”
O especialista fala com a voz de quem viveu a experiência, pois perdeu uma cachorrinha idosa recentemente:
“Aprendi mais com a experiência e com o amor dela do que em muitas outras fases da vida. É uma relação que ensina sobre paciência, respeito, cuidado e, principalmente, sobre o valor de estar presente”, conta.
Mesmo com idade avançada, pets continuam capazes de aprender e criar vínculos afetivos
E completa: “É um gesto de coragem de quem escolhe transformar a própria vida e a vida de um animalzinho”.
O veterinário considera que adotar um pet idoso é para quem entende que mudar uma vida tem muito valor, mesmo que seja apenas para garantir que o bichinho possa dormir, por um dia que seja, em um lar quentinho.
Adote um “aumigo” idoso no DF
Um exemplo de iniciativa que incentiva a adoção de animais mais velhos é o Projeto Amigos das Zoonoses, de Brasília. Formado por voluntários, o grupo atua dentro do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da capital.
O objetivo é sensibilizar o público e buscar famílias responsáveis para os pets disponíveis. Alguns deles já idosos, mas cheios de carinho para oferecer.
Como o projeto não possui abrigo próprio nem realiza resgates, as adoções seguem os critérios definidos pela gerência das Zoonoses, responsável por todo o processo de acolhimento e liberação dos animais.
Para quem quer adotar, é preciso preencher um formulário online, disponível no link da biografia do perfil no Instagram. Basta responder algumas perguntas e informar o nome do pet desejado ou entrar em contato diretamente pelo direct do perfil (@amigosdaszoonoses).
Para dúvidas sobre o trabalho voluntário, o contato também pode ser feito pelo próprio Instagram.
Já informações sobre o órgão público e os serviços oferecidos devem ser obtidas diretamente com a Zoonoses de Brasília, pelo telefone (61) 3449-4434.
Confira os cães idosos do projeto que aguardam uma nova chance:
Calvin
Na legenda do post no Instagram, o projeto conta que Calvin chegou triste, assustado e exausto. Hoje, o cãozinho recebe muito carinho e cuidado, mas ainda espera encontrar uma família que o adote.
Calvin tem 6 anos, é macho, de porte médio e temperamento dócil. Está castrado, vacinado (múltipla e antirrábica) e microchipado.
Antônio
Antônio é mais um pet idoso em busca de um lar para chamar de seu. Segundo os voluntários, ele é um cachorro doce, carinhoso e sociável, que se dá bem com outros cães e com todos ao redor.
Com 5 anos de idade, Antônio é macho, de porte médio, castrado, vacinado (múltipla e antirrábica) e microchipado. Ou seja, prontinho para ser adotado.
Airton
Airton é o tipo de cão que transmite paz e amor por onde passa. Calmo e alegre, ele encanta quem o conhece.
“Entre as muitas vantagens de adotar um animal mais velho está ter uma companhia perfeita e leve”, diz o projeto na legenda do post no Instagram.
Ele tem 5 anos, é macho, de porte médio e já está castrado, vacinado (múltipla e antirrábica) e microchipado.
Walter
Vira-lata caramelo clássico, Walter é descrito como um cachorro “gente boa”, tranquilo e sempre sorridente. Adora um carinho atrás da orelha e a atenção dos voluntários.
Já participou de duas feiras de adoção, mas ainda não encontrou uma família.
Com 5 anos, Walter é macho, de porte médio, castrado, vacinado (múltipla e antirrábica) e microchipado.
Agora, só falta uma família para lhe oferecer amor e muitas coçadinhas na orelha.