O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, criticou, nesta terça-feira (28/10), a megaoperação policial deflagrada pelo governo do Rio de Janeiro contra o crime organizado nas comunidades do Alemão e da Penha. A ação mobilizou 2,5 mil agentes de segurança e resultou na morte de ao menos 64 pessoas. Entre elas, quatro policiais, sendo dois civis e dois militares.
Na rede social X (antigo Twitter), Edinho classificou a operação como “desastrosa” e afirmou que o governador “politizou essa tragédia”. Segundo ele, a ação expôs tanto a população quanto os próprios agentes de segurança. “Desastrosa para toda a população, inclusive para as forças de segurança, já que ao menos quatro policiais morreram”, escreveu.
Confira na íntegra:
Mais de 60 vidas foram perdidas no Rio de Janeiro em uma operação desastrosa para toda a população, inclusive para as forças de segurança, já que ao menos quatro policiais morreram.
O governador do Rio de Janeiro politizou essa tragédia e disse que não recebeu ajuda do governo…
— Edinho Silva (@edinhosilva) October 28, 2025
O petista também rebateu a fala de Castro, que afirmou que o governo federal teria negado três pedidos de apoio das Forças Armadas para atuar no combate ao crime organizado no estado. Para o governador, as negações teriam levado o Rio a executar a operação sozinho.
Edinho contestou a fala. “O governador do Rio de Janeiro politizou essa tragédia e disse que não recebeu ajuda do governo federal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que todas as vezes que o estado pediu a Força Nacional foi atendido. A PF fez diversas operações para combater o crime organizado”, afirmou ele, na publicação.
PEC da Segurança
O presidente do PT mencionou, também, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, discutida pelo governo federal desde 2024 e parada no Congresso. Segundo Edinho, o texto poderia fortalecer a cooperação entre União e estados.
“Uma proposta que reforça a cooperação entre as forças de segurança com inteligência e planejamento. Será que o governador pediu à bancada do RJ para aprovar esse texto que tanto pode colaborar com a segurança pública? Fica o questionamento”, enfatizou.
Como contraponto à megaoperação, o presidente do PT citou a Operação Carbono Oculto, que atacou o financiamento de organizações criminosas sem mortes registradas. “Segurança pública não se faz com ações isoladas, improvisadas e que colocam a população em risco. Segurança pública se faz com planejamento, inteligência, articulação e responsabilidade”, completou.
Veja imagens da megaoperação:
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A comunidade foi acordada com os disparos
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Fogo e chamas intensas foram vistos nas comunidades
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Os criminosos colocaram fogo nas barricadas
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Operador financeiro de Doca, um dos líderes do CV, é preso no Rio
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Megaoperação no Complexo do Alemão e da Penha
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Complexo do Alemão vira campo de guerra em megaoperação com 2.500 policiais
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Complexo do Alemão vira campo de guerra em megaoperação com 2.500 policiais
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Mansão de traficante do CV preso em megaoperação tinha quadro do Oruam
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CV ataca polícia com drones e bombas em megaoperação no Alemão
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Governo federal rebate Cláudio Castro
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado pelo ministro Ricardo Lewandowski, também contestou a versão do governador.
Em nota, afirmou que “tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional”. Ainda segundo o órgão, desde 2023, todas as 11 solicitações de renovação da Força Nacional foram aceitas.
Lewandowski reforçou que o governo Lula colaborou com o Rio, citando apreensões recordes de armas e drogas, além da transferência de líderes do tráfico para presídios federais.
“No começo desse ano, o governador Cláudio Castro esteve no Ministério da Justiça pedindo a transferência de líderes de facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima, e foi atendido. Nenhum pedido foi negado. Agora, a responsabilidade é, sim, exclusivamente dos governadores no que diz respeitos à segurança dos respectivos estados”, disse o ministro.
Veja vídeos do confronto entre traficantes e policiais:
Operação mais letal da história do Rio
A ofensiva contra o Comando Vermelho, nas duas comunidades, terminou com 81 prisões e a apreensão de ao menos 75 fuzis. Considerada a mais letal já registrada no estado, ela provocou confrontos intensos. Criminosos ergueram barricadas, lançaram bombas, atiraram contra policiais e utilizaram drones durante a ação.
Entre os policiais mortos está o civil Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara. Chefe da 53ª Delegacia de Polícia (Mesquita), ele integrava o grupo de 2,5 mil agentes mobilizados para conter o avanço territorial da facção e prender líderes do tráfico no Rio e em outros estados.

