O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou neste domingo (5/10) que qualquer fornecimento de mísseis de cruzeiro Tomahawk à Ucrânia pelos Estados Unidos poderia arruinar as relações entre Moscou e Washington. A declaração foi feita em entrevista à Companhia Estatal de Transmissão de rádio e televisão russa, VGTRK.
“Isso arruinará nossas relações, ou pelo menos a tendência positiva emergente nelas”, disse Putin, referindo-se à possibilidade de envio de Tomahawks para Kiev.
O líder do Kremlin destacou ainda que o uso desses mísseis dependeria da participação direta das forças militares dos EUA, o que elevaria o nível de tensão do conflito que perdura no leste europeu há mais de três anos.
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Tomahawks e alcance estratégico
Os mísseis de cruzeiro Tomahawk têm alcance de até 2.500 quilômetros, o que permitiria atingir não somente posições na Ucrânia, mas também Moscou e toda a Rússia europeia.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, confirmou na última semana que Washington considerava fornecer os mísseis a países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para posterior transferência à Ucrânia, mas a decisão final depende de Trump.
A conturbada relação Rússia-EUA
- Menos de dois meses após a cúpula de Trump e Putin no Alasca, a situação permanece tensa.
- Donald Trump segue declarando estar decepcionado com o russo por não alcançar a paz, classificando a Rússia como um “tigre de papel” por não conseguir subjugar a Ucrânia.
- Em resposta, Putin questionou se a Otan não seria, na verdade, o “tigre de papel”, incapaz de conter o avanço russo.
- O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chegou a ironizar a declaração do republicano, afirmando que, na verdade, a Rússia é um “urso”.
- A possível entrega de Tomahawks pode representar um novo capítulo na escalada do conflito, que já envolve drones no espaço aéreo da Aliança e operações militares profundas, além de ameaçar prejudicar a frágil tendência de aproximação entre Moscou e Washington.
Durante a sessão plenária do Clube de Discussão Valdai na última quinta-feira (2/10), Putin afirmou que procura sempre ser sincero em seus discursos e apresentar uma visão honesta da situação.
Ele ressaltou que a reação a suas declarações cabe aos líderes ocidentais, reforçando a postura firme da Rússia diante da crise e das propostas militares internacionais.
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