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    Quem é I30, auditor do PCC preso que gerenciava biqueiras pelo zap

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    Paulo Sérgio Gomes da Silva, conhecido como I30, de 36 anos, era o “patrão” de uma biqueira em Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo.

    Quando foi preso, em maio deste ano, a polícia encontrou no celular dele ao menos 84 grupos de WhatsApp utilizados para gerenciar pontos de vendas de drogas que pertencem ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

    Segundo a investigação, ele atuava como uma espécie de “auditor” do tráfico, já que gerenciava as atividades operacionais das “lojas”, como o ordenamento de cargos subalternos, o controle de caixa e também o balanço do estoque.

    Assumindo a profissão de pizzaiolo e morando com a companheira a apenas seis minutos da biqueira que gerenciava em Cidade Tiradentes, I30 foi preso em flagrante por tráfico de drogas, em 27 de maio de 2025.

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    Na ocasião, ele foi pego com 65 porções e 42 eppendorfs (pinos) de cocaína, 11 porções de maconha, 39 comprimidos de ecstasy, seis cadernos com anotações do tráfico e três aparelhos celulares.

    A prisão, mais tarde, foi convertida para preventiva, e serviu como um prato cheio para os investigadores que buscavam desmantelar o comércio de drogas na capital paulista e na região metropolitana.

    Isso porque, com a quebra do sigilo telefônico de I30, os policiais identificaram os 84 grupos de WhatsApp, cada um referente a uma “loja” diferente, o que permitiu chegar a outros auditores e traficantes do esquema, resultando na Operação Auditoria (veja mais abaixo), deflagrada na terça-feira (21/10).

    9 imagensGrupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São PauloGrupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São PauloGrupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São PauloGrupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São PauloGrupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São PauloFechar modal.1 de 9

    Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo

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    Grupo de WhatsApp no qual traficantes do PCC gerenciavam biqueira na zona leste de São Paulo

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    Patrão de biqueira e auditor do PCC

    I30 era um dos administradores de um grupo de WhatsApp no qual traficantes discutiam o dia a dia e faziam o balanço comercial e de estoque de uma biqueira, em Cidade Tiradentes.

    Entre os comparsas, ele era o “patrão” ou o “chefe”, e comandava criminosos em cargos subalternos, como o gerente (responsável pelo controle logístico), o recolhe (quem coleta o dinheiro arrecadado) e o abastece (quem leva os entorpecentes para serem vendidos na biqueira).

    Para a polícia, ele era um importante auditor da facção, já que estava por dentro da rotina de mais de 80 pontos de vendas de drogas pertencentes ao PCC. Essas biqueiras lucravam entre R$ 300 mil e R$ 700 mil por semana, movimentando quantias milionárias mensalmente.

    Como patrão, I30 se preocupava bastante com a demora do recolhe em coletar o dinheiro da loja de Cidade Tiradentes, já que aumentava o risco de prejuízo no caso de uma abordagem policial.

    A preocupação ficou evidente em mensagens de texto e áudio obtidas pelo Metrópoles. Veja:

    Ficha criminal extensa

    I30 é descrito pela Justiça paulista como “multirreincidente”. Antes de ser preso em flagrante por tráfico de drogas, em maio deste ano, ele foi detido pelo mesmo crime em janeiro de 2023. Mais de uma década antes, em outubro de 2009, foi indiciado também por tráfico.

    Em duas ocasiões diferentes, em 2010 e 2020, foi preso por roubo. Ele também tem passagens por corrupção de menores por falsificação de identificador de veículo automotor.

    O acusado deve passar por uma audiência sobre a última prisão no próximo dia 12 de novembro, junto com comparsas que administravam a biqueira de Cidade Tiradentes. O defensor público constituído para representar I30 afirmou nos autos que apresentará os argumentos contrários à acusação “posteriormente”.

    Atualmente, ele está preso na Penitenciária Masculina de Bernardino de Campos, em Ipaussu, no interior de São Paulo.

    Operação Auditoria

    • A Operação Auditoria, deflagrada na terça (21/10), cumpriu 17 de 38 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça, além de ter cumprido 110 mandados de busca e apreensão.
    • Com isso, 21 suspeitos seguem foragidos.
    • A ação ocorreu nas periferias do extremo leste de São Paulo e em cidades da região metropolitana, como Guarulhos, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Mogi das Cruzes.
    • Os 240 agentes escalados para a operação miraram ao menos 84 pontos de vendas de drogas nos municípios mencionados.
    • Foram apreendidas porções de drogas, celulares, dinheiro em espécie, documentos e cadernos com informações sobre a contabilidade do tráfico.
    • As autoridades policiais não estimaram quanto de droga e dinheiro foi apreendido, destacando que a ação desta terça teve o foco em desmantelar o esquema criminoso.