O inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro que embasou a megaoperação contra o Comando Vermelho nesta semana mostra que um dos membros da facção, que foi alvo da ação policial na terça-feira (28/10), tinha acesso a diversas câmeras de segurança nos Complexos da Penha e Gardênia.
Segundo o documento, quem detinha esse acesso era Juan Breno Malta Ramos, conhecido como BMW, e cuja função no grupo era de uma espécie de “gerente do tráfico” na Gardênia Azul e chefe do grupo Sombra, responsável pelas expansões territoriais em Jacarepaguá.
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A informação sobre as câmeras foi coletada pelos agentes no celular dele, após quebra de sigilo autorizada judicialmente. Em decisão que autorizou a operação, um juiz do Rio de Janeiro determinou a prisão preventiva.
“Juan Breno possui controle de diversas câmeras de monitoramento no Complexo da Penha e Gardênia, inclusive algumas com sensor de movimentação. Estas câmeras comprovam o total domínio da facção nas localidades mencionadas”, informou a polícia.
Segundo as investigações, BMW tinha uma alta posição hierárquica dentro do Comando Vermelho, sendo um dos homens de confiança de Edgar Alves de Andrade, o Doca. Ele atuava para a ampliação da facção em territórios na Zona Oeste da cidade, além de possuir posição de destaque dentro do Complexo da Penha.
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Reprodução/Polícia Civil do Rio de Janeiro

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Na extração do material de seu celular, os agentes puderem averiguar uma série de imagens que corroboram com seu papel no grupo. Em uma delas, ele está em uma zona de mata usando roupa camuflada e com um fuzil AK-47.
Além da AK-47, segundo o relatório, BMW ostentava um fuzil personalizado de modelo FN SCAR-L de origem belga. Tais imagens levaram a polícia a afirmar que o poderio bélico em posse da facção é “incalculável”.
“O poderio bélico da facção é incalculável, nas diversas análises, centenas de fuzis foram observados dentre os mais diversos personagens e em diferentes níveis de hierarquia, especificamente na análise telemática de ‘BMW’”, diz trecho do documento.
Ainda segundo a apuração, ele atuaria na formação de novos criminosos, “comprovando seu alto grau na hierarquia da facção”. Em vídeo anexado nos autos, ele instrui o treinamento de fuzil de um envolvido no tráfico no Complexo da Penha.
Megaoperação no RJ
A Operação Contenção mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, com o objetivo de conter a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e cumprir cerca de 100 mandados de prisão.
O número de mortos, que subiu para 121, foi atualizado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na manhã de quinta-feira (30). A revisão foi feita após novos registros de entrada de corpos no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no centro da cidade.
Os dados consolidam a operação como a mais letal da história do estado.

