A Rússia prometeu responder “de acordo com a lei” caso os Estados Unidos rompam a moratória sobre testes de armas nucleares. A declaração foi feita nesta sexta-feira (30/10) pelo porta-voz Dmitry Peskov, após o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar a retomada dos testes no país.
A decisão, divulgada na quarta-feira (29/10) em publicação na plataforma Truth Social, marca uma escalada nas tensões entre as potências nucleares. Segundo Trump, a medida busca “igualar as condições” com Rússia e China, que estariam conduzindo programas de modernização de seus arsenais.
“Os EUA são uma nação soberana, mas quero lembrar as declarações de [Vladimir] Putin de que, se alguém se afastar da moratória, a Rússia agirá de acordo com a situação”, afirmou Peskov.
A declaração de Trump sobre testes nucleares ocorreu horas depois do líder do Kremlin anunciar o teste bem-sucedido do drone subaquático Poseidon, movido a energia nuclear. De acordo com o russo, atualmente “não existem métodos para interceptar” o veículo não tripulado, tornando-o uma arma sem precedentes no mundo.
Ele negou as alegações de que Moscou estaria conduzindo testes nucleares e insistiu que o novo míssil russo Burevestnik, testado recentemente, “não é um teste nuclear”.
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“Corrida armamentista”
O republicano ainda justificou a retomada afirmando que “os Estados Unidos possuem mais armas nucleares do que qualquer outro país” e que “a modernização do arsenal” é essencial diante da “competição estratégica” com outras potências. “Instrui o Departamento de Guerra a começar a testar nossas armas nucleares em igualdade de condições. Este processo começará imediatamente”, escreveu.
A iniciativa representa uma ruptura com a política de controle de armas que vinha sendo sustentada desde o fim da Guerra Fria. Os Estados Unidos realizaram seu último teste nuclear em 1992, enquanto a Rússia o fez dois anos antes, em 1990, ainda durante o período soviético.
Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI), os EUA possuem atualmente cerca de 5.177 ogivas nucleares, contra 5.459 da Rússia. A China, terceira maior potência, deverá alcançar 1.500 até 2035.



Putin e Trump no Alasca em agosto de 2025
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Tratado New START
Tal anúncio de Trump também reacende o debate sobre o futuro do tratado New START, firmado em 2010 para limitar o número de ogivas estratégicas a 1.550 por país.
O acordo, que expira em fevereiro de 2026, foi suspenso unilateralmente por Moscou em 2023, após o início da guerra na Ucrânia.
Recentemente, Putin mandou um recado ao norte-americano, alertando que se os Estados Unidos não consideram necessária a extensão do Tratado de Redução de Armas Estratégicas, a Rússia também não precisa prorrogá-lo.



