MAIS

    Sangue ácido e cérebro inchado: como metanol matou empresário da Mooca

    Por

    O empresário Ricardo Lopes Mira, 54 anos, foi a primeira morte confirmada por ingestão de bebida adulterada com metanol na onda de intoxicações que atinge São Paulo. Morador da Mooca, ele morreu em 16 de setembro, após quatro dias internado no Hospital Vila Lobos, na zona leste.

    De acordo com registros do 57º Distrito Policial (Parque da Mooca), Ricardo era bebedor contumaz e passou mal em casa depois de ingerir a bebida. O irmão o encontrou em estado pré-convulsivo e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O laudo médico indicou intoxicação alcoólica, sangue ácido (cetoacidose) e inchaço no cérebro (edema cerebral).

    15 imagensIntoxicação por metanol: Unicamp aponta falta de antídotos no BrasilMetanol em bebida: após mortes, ministério faz alerta a hospitaisAssociação relaciona metanol usado em bebidas adulteradas ao PCCMetanol na bebida: SP registrou nove casos e duas mortes em 25 diasFechar modal.1 de 15

    Metanol: “Vodca na veia” pode ser tratamento em casos de intoxicação

    Reprodução2 de 15

    Intoxicação por metanol: Unicamp aponta falta de antídotos no Brasil

    Reprodução3 de 15

    Getty Images4 de 15

    Metanol em bebida: após mortes, ministério faz alerta a hospitais

    Reprodução/Governo5 de 15

    Associação relaciona metanol usado em bebidas adulteradas ao PCC

    Adobe Stock6 de 15

    Metanol na bebida: SP registrou nove casos e duas mortes em 25 dias

    Getty Images7 de 15

    Polícia de SP diz que investiga quatro casos de contaminação por metanol na capital e mais quatro na Grande SP

    Divulgação/ Governo do Estado de São Paulo8 de 15

    Autoridades paulistas realizam operações contra a intoxicação por metanol em bebidas

    Divulgação/ Governo do Estado de São Paulo9 de 15

    Duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento na intoxicação por metanol

    Divulgação/ Governo do Estado de São Paulo10 de 15

    Marcelo S. Camargo/FUSSP11 de 15

    Estabelecimentos que venderam bebidas com metanol serão interditados

    Reprodução12 de 15

    BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto13 de 15

    Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol

    William Cardoso/Metrópoles14 de 15

    Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol

    William Cardoso/Metrópoles15 de 15

    Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol

    William Cardoso/Metrópoles

    O caso integra a série de mortes supostamente provocadas por metanol misturado a bebidas alcoólicas clandestinas. Até o momento, seis pessoas morreram no estado, incluindo um advogado de 38 anos, e outras seguem internadas.

    Ricardo Lopes Mira atuou por mais de 30 anos no setor de plásticos. Era sócio da Miraplastic, fundada em 1991 na Vila Tolstoi, e dirigia a 4Plast, criada em 2010 em Indianópolis, além de integrar a NRRM Empreendimentos e Participações, de 2005. Com os negócios, ajudou a consolidar a presença da família no mercado paulistano de artefatos e resíduos plásticos.

    Leia também

    Alerta do Ministério da Saúde

    A onda de intoxicações levou o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) a emitir um alerta nacional para que hospitais e unidades de pronto atendimento de todo o país considerem a hipótese de intoxicação por metanol em pacientes que apresentem sintomas como: visão turva, vômitos, dor abdominal, tontura e confusão mental. A pasta também recomendou a bares, restaurantes e comerciantes que reforcem a checagem da procedência das bebidas alcoólicas, observando rótulos, lacres, selos fiscais e rastreabilidade dos lotes.

    Paralelamente, a Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito para apurar a origem da bebida consumida pelas vítimas identificadas até o momento, e já colhe depoimentos de familiares, amigos e funcionários de estabelecimentos onde bebidas foram adquiridas. O objetivo é identificar possíveis falhas na cadeia de distribuição e localizar lotes adulterados para retirá-los do mercado.

    Leia também

    As investigações também consideram a participação do crime organizado no esquema de adulteração. A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) revelou que cargas de metanol importadas ilegalmente — inicialmente destinadas a adulterar combustíveis — podem ter sido desviadas para destilarias clandestinas que produzem bebidas alcoólicas falsificadas. A entidade não descarta a possibilidade de que a substância tenha sido fornecida a distribuidores ligados a facções criminosas.

    A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que aguarda os resultados finais dos laudos periciais, enquanto familiares das vítimas cobram celeridade nas investigações e responsabilização dos envolvidos na adulteração das bebidas. As mortes reforçam o alerta sobre os riscos do consumo de bebidas alcoólicas sem procedência comprovada e expõem falhas na fiscalização do setor de bebidas no estado.