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    São Paulo, Tarcísio e Coca Cola (por Tânia Fusco)

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    São Paulo, SP, 06/10/2025

    Começou com a violência na cidade. Garantiu que o pai, operário aposentado, morador de Guarulhos, sentia saudades da ditadura dos militares, quando o Brasil era tão seguro que dava pra dormir de porta e janela abertas.

    Saltou pra “ditadura do Senhor Alexandre”. Definido como um comunista, desse povo que amarra galinha estripada em encruzilhada pra ver se mata logo o Bolsonaro – um homem de bem. Se o Brasil fosse São Paulo, Tarcísio e o Derrite já tinham mandado o careca pro saco. Aqui ele não se cria.

    Prender um povo que tava na rua, sem arma, só querendo o melhor pro Brasil! Queria golpe? E daí? Não aconteceu.

    Seguiu: Agora, o PCC, que é do PT, tá envenenando o povo com “etanol”. Isso é pra enfraquecer o Tarcísio. O Bolsonaro já prenderam. É medo da gente ganhar de novo. Porque, se ganhar, acabou a farra. Não tem mais eleição de urna arrombada. Não tem juizinho que manda em tudo. Daí vão ver o que é democracia! A gente aprendeu, senhora. Agora, é bala comendo. E os Estados Unidos com nóis.

    Silêncio da passageira.

    Desculpa perguntar, mas a senhora não é dessas que concorda com a prisão de inocentes?

    – Sou.

    Desculpa aí de novo, mas gosto sempre de ouvir o outro lado… Não gosta do Tarcísio também?

    – Não.

    Entendi. A senhora não gosta de debater política…

    Malas já na calçada, a passageira informa: Também não gosto de Coca Cola.

    São Paulo, SP, 06/10/2025

    Três mortes por metanol. 158 contaminados. Deboche oficial.

    Em coletiva de imprensa sobre os casos de contaminação por metanol, na segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos)  destacou que as bebidas contaminadas são alcoólicas. O que não é “a praia” dele, já que, disse, é viciado só em Coca-Cola.

    “No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”.

    Sem nem ficar vermelho, minimizou a tragédia da contaminação no estado, fez gracinha sobre os mortos, o sufoco dos contaminados, a dor de suas famílias.

    Tipo: E daí? Não sou pinguço.

    Repetiu seu padrinho, Bolsonaro que, quando a pandemia do Covid beirava 600 mil mortos, rebateu cobranças dos jornalistas com o já clássico: “E daí? Não sou coveiro”.

    A gente aprendeu?

     

     

    Tânia Fusco é jornalista