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    Sem acordo de paz em Gaza

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    A propósito da criação do mundo, diz o Evangelho do apóstolo João na abertura do seu primeiro capítulo:

    “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”.

    Corta para a última segunda-feira (13/10/2025), quando Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, discursou no parlamento de Israel sobre o cessar-fogo na Faixa de Gaza. Ele disse sob aplausos intensos dos congressistas:

    “Hoje, os céus estão calmos, as armas estão silenciosas, as sirenes estão paradas, o sol nasce em uma Terra Santa em paz. Este não é apenas o fim da guerra, mas de uma era de terror. Agora, será a era de ouro de Israel e do Oriente Médio.”

    Sou mais João. Até porque o mundo cuja criação ele atribui a Deus está aí com todas as suas imperfeições à mostra, e não pode ser negado. O mundo de paz anunciado por Trump continua tão distante como sempre esteve desde a criação de Israel.

    O acordo de paz firmado no Egito não é de paz, não é de fim de guerra, é de suspensão de um conflito que começou há pouco mais de dois anos entre o grupo Hamas, que governava Gaza, e Israel. Uma suspensão que poderá ser cancelada a qualquer momento.

    Por enquanto, limitou-se a uma troca de prisioneiros: Israel libertou 2 mil palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua; o Hamas, todos os reféns mantidos vivos. A devolução dos corpos de 24 reféns mortos ainda está em curso e vai demorar.

    Muitos estão soterrados sob os escombros dos prédios destruídos em Gaza pelos bombardeios israelenses. Certamente, alguns jamais serão encontrados. Gaza é uma cidade em ruínas. Quase 80% dos imóveis da sua região urbana foram reduzidos a pó.

    Ontem (14), o governo de Israel decidiu reduzir pela metade a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Entrariam diariamente 600 caminhões carregados de comida, remédios e roupas. Seria o mínimo para amenizar a vida dos retornados.

    Parte das tropas do Exército de Israel, o mais poderoso do Oriente Médio, permanece na Faixa de Gaza, embora ocupando uma área menor. A proximidade com os palestinos fez o Exército matar mais seis deles a tiros na terça-feira. A matança, pois, não acabou.

    Quanto a aceitação pelos Estados Unidos da criação de um estado Palestino, algo prometido desde 1947, Trump deu um passo atrás. De volta a Washington, Trump comentou que “alguns são a favor [da criação do estado palestino], outros são contra…”

    E assim, vidas e mortes que seguem.

     

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