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    Sensor brasileiro identifica proteína ligada à depressão na saliva

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    Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Embrapa Instrumentação desenvolveram um sensor portátil e descartável que mede, pela saliva, os níveis de uma proteína associada a transtornos mentais como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar. O trabalho foi publicado em agosto na revista científica ACS Polymers Au.

    O dispositivo identifica o fator neurotrófico derivado do cérebro, identificado pela sigla BDNF, proteína essencial para a manutenção dos neurônios e para processos como memória e aprendizado.

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    Segundo o estudo, alterações na quantidade de BDNF estão relacionadas a condições psiquiátricas e neurológicas, o que faz desse biomarcador um alvo importante para a saúde mental. O sensor é composto por uma tira flexível de polímero, na qual são impressos eletrodos que interagem com a amostra de saliva.

    Conectado a um analisador portátil, o sistema consegue detectar as concentrações de BDNF de forma rápida, sem necessidade de coleta de sangue ou exames invasivos. Os resultados podem ser transferidos para dispositivos móveis, tornando o processo mais acessível.

    Principais transtornos mentais

    • Depressão: Caracteriza-se por tristeza persistente, perda de interesse em atividades, alterações no sono e no apetite, além de dificuldade de concentração.
    • Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): Manifesta-se por preocupação excessiva e constante, acompanhada de sintomas físicos como palpitações, falta de ar e tensão muscular.
    • Transtorno bipolar: Envolve oscilações intensas de humor, alternando entre episódios de depressão e fases de euforia ou mania.
    • Esquizofrenia: Afeta a percepção da realidade, com sintomas como delírios, alucinações, fala desorganizada e retraimento social.
    • Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): Marcado por pensamentos repetitivos e intrusivos (obsessões) e comportamentos repetitivos (compulsões).

    De acordo com os pesquisadores, uma das principais vantagens do dispositivo é o baixo custo. Por utilizar materiais simples, pode ser produzido em grande escala e descartado após cada uso. Essa característica amplia as possibilidades de aplicação, inclusive em ambientes com poucos recursos laboratoriais.

    Embora os primeiros resultados sejam promissores, os cientistas ressaltam que a aplicação clínica depende de novos estudos, validações em grupos maiores de pacientes e comparação dos resultados do sensor com exames laboratoriais tradicionais, antes que o dispositivo possa ser usado rotineiramente em consultórios ou hospitais.

    A expectativa da equipe é que, no futuro, o biossensor se torne uma ferramenta complementar para profissionais de saúde mental, ajudando tanto no diagnóstico inicial quanto no acompanhamento de tratamentos.

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