Tudo o que é conhecido atende por um nome. O desconhecido, uma vez descoberto, será batizado. Quando se chama uma coisa pelo nome errado, ou é por ignorância, ou é de propósito para enganar os que não sabem do que se trata. Vamos aos dicionários.
Com pequenas variações, quase todos dizem que “terrorismo é qualquer tipo de ação violenta cometida com o intuito de intimidar, ferir ou matar cidadãos para garantir a defesa de uma causa, seja ela política, econômica ou religiosa.”
O mais célebre ato de terrorismo foi o de 11 de setembro de 2001 quando dois aviões atingiram as torres do World Trade Center em Nova Iorque, um destruiu parte do Pentágono e outro caiu numa área descampada. Ao todo, morreram quase 3 mil pessoas.
O atentado foi obra da Al Qaeda, grupo terrorista de orientação fundamentalista islâmica liderado pelo saudita Osama Bin Laden. A caçada a Bin Laden durou 10 anos. Localizado por tropas especiais dos Estados Unidos, ele foi morto no Paquistão.
Terrorismo de Estado “é o uso massivo da violência por parte dos aparelhos do Estado (como forças policiais, militares ou paramilitares) com o objetivo de intimidar, coagir e eliminar opositores políticos ou grupos populacionais específicos.”
Isso já aconteceu no Brasil à época da ditadura militar, responsável pela morte e desaparecimento de 434 pessoas, e a tortura de aproximadamente 20 mil. Sem contar os 1.654 camponeses mortos e desaparecidos, segundo estudos mais recentes.
A expressão “narcoterrorismo” foi usada pela primeira vez em setembro de 1983 pelo então presidente do Peru, Fernando Belaunde Terry, para designar uma aliança entre grupos terroristas do seu país com traficantes de drogas da Colômbia.
Mais recentemente, o presidente Donald Trump valeu-se da mesma expressão para explicar o deslocamento de navios de guerra para as costas da Venezuela e o bombardeio de pequenos barcos que supostamente transportam drogas.
É a expressão que está na boca de políticos da direita em boa parte do mundo. Ao ver deles, justifica o atropelo das leis e o emprego da força em qualquer situação. O governador bolsonarista Cláudio Castro a usou para justificar a chacina desta semana no Rio.
Para Castro, a chacina só produziu quatro vítimas: os policiais mortos. As demais mortes foram de bandidos ou de suspeitos, tanto faz. Bandido bom é bandido morto para os que pensam como Castro. Suspeito de bandidagem, apenas suspeito, deve morrer.
Tarcísio de Freitas, governador bolsonarista de São Paulo, vai mais longe. Defende que “o Estado ajude a cuidar do cidadão de bem”, o que trabalha e “faz o país crescer”. E o que não trabalha porque não é qualificado ou não encontra emprego? É cidadão do mal?
Não existe pena de morte no Brasil, mas aqui se mata muito mais bandidos ou meros suspeitos de bandidagem do que nos Estados Unidos, onde a pena de morte ainda existe em alguns estados. Freitas prega o endurecimento das leis.
Tramita na Câmara um projeto que amplia o conceito de terrorismo previsto na Lei Antiterrorismo para incluir o tráfico de drogas. O texto considera ato de terrorismo ajudar financeiramente, proteger ou facilitar atividades ligadas ao tráfico.
Tráfico de drogas é uma coisa e deve ser combatido, e os traficantes condenados, e as facções desarticuladas. Outra coisa é o terrorismo tal como sempre existiu. Querem misturar as coisas para legitimar o uso da violência em mais alto grau.
Esquerda e direita são a favor do combate ao crime organizado. A diferença é que a esquerda se importa com a vida dos moradores das periferias. Para a direita, todos eles são bandidos ou bandidos em potencial – menos em época de eleição, naturalmente.
A periferia das grandes cidades, depósito de mão de obra barata, é a Senzala da Casa Grande.
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