A influenciadora Aline Bardy Dutra, conhecida como Esquerdogata nas redes sociais, já teve encontros e interações com lideranças do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas quais foi elogiada por sua atuação no ambiente digital (veja vídeo abaixo).
Como mostrou o Metrópoles, Aline foi presa após desacatar policiais militares na madrugada do último sábado (24/10), em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. O motivo da abordagem, segundo um dos policiais, seria o fato de ela ter supostamente cometido injúria racial contra um dos agentes.
Em seu perfil no Instagram, onde tem mais de 800 mil seguidores, a influenciadora aparece em conversas com parlamentares petistas, como o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, e o deputado Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara dos Deputados.
Em dois vídeos, postados em fevereiro deste ano, Aline interage com Randolfe e com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmanm, à época presidente nacional do PT. No encontro, o senador faz elogios ao trabalho da influenciadora em defesa do governo nas redes sociais.
“Essa aqui é a nossa trincheira digital. Temos que dar valor a elas e total valor a esse povo, que segue em frente e segura o rojão. Em uma sociedade algorítmica, temos que ficar muito vinculados a esse povo e agradecer a defesa que eles fazem pela democracia e contra o fascismo”, diz o senador, enquanto abraça a influenciadora. “Que moral, na guerra sempre”, reage Aline.
A influenciadora ainda aparece cantando a música “Apesar de Você”, canção de Chico Buarque símbolo da resistência contra a ditadura militar, junto com Gleisi e Randolfe.
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Outra publicação, feita em 4 de setembro, mostra a Esquerdogata conversando com o deputado Lindbergh Farias sobre o projeto da Anistia, que à época era objeto de pressão de deputados bolsonaristas para que tivesse a urgência pautada.
“Depois que a gente começou a fazer umas collabs, as pessoas estão muito preocupadas com essa pauta, com esse projeto de anistia. Qual que é a chance disso acontecer? (0:14) Daí o que eu fiz? Vim bater na porta de quem sabe responder”, afirma Aline.
“Parabéns pelo trabalho”, fala Lindbergh antes de entrar no assunto da conversa.



Reprodução/Instagram
Aline Bardy Dutra é comunicadora, professora e militante política

Influenciadora Esquerdogata tem mais de 800 mil seguidores

Influenciadora foi presa por suposto desacato contra PMs
Discussão no partido
- Filiada ao PT desde 2022, Aline se define como comunicadora, professora e militante política.
- Após a polêmica com os policiais, o diretório do partido de Ribeirão Preto vai avaliar o caso e discutir internamente se a Aline, que é filiada, deverá receber algum tipo de sanção.
- Ao Metrópoles, o presidente do PT local, Edson Fedelino, afirmou que ainda não há um prazo definido sobre o que será feito em relação ao caso. Ele disse que reprova o ato da filiada, mas que o partido não vai “crucificar ninguém”.
- “Quem responde sobre os atos dela é ela mesma. O partido vai seguir os ritos normais, com calma, com tranquilidade, com paciência, dando a ela todo o direito ao contraditório. Vamos decidir entre o colegiado, os membros da direção e os militantes do partido e definir o que vai ou não ser feito”, disse o dirigente.
- “Qualquer outro filiado do partido que cometa algum ato, falha ou coisa parecida, vamos dar as mesmas oportunidades. Não estamos aqui para crucificar ninguém”, completou.
Entenda o caso
Esquerdogata foi presa acusada de cometer os crimes de injúria racial, desacatar policiais e resistir à prisão. Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa de Aline afirmou que ela pretende pedir desculpas pessoalmente ao policial militar a quem dirigiu as ofensas.
O crime racial teria acontecido quando a influenciadora, que estava em um bar, avistou os PMs concluindo uma ação de fiscalização e se aproximou deles, com o celular em mãos. Ao se aproximar, ela teria afirmado a um policial: “Um preto querendo foder outro preto”.
De acordo ainda com a defesa de Aline, ela sofre de alcoolismo e vai buscar tratamento.
“Foi uma mistura de três fatores: álcool, remédio e medo da polícia de São Paulo. Contudo esses três fatores não eximem Aline da responsabilidade de sua fala. Ela me autorizou e eu vou revelar para vocês que ela sofre de alcoolismo”, disse o advogado Roberto Bertholdo, em seu perfil nas redes sociais.
O crime racial teria acontecido quando a influenciadora, que estava em um bar, avistou os PMs concluindo uma ação de fiscalização e se aproximou deles, com o celular em mãos. Ao se aproximar, ela teria afirmado a um policial: “Um preto querendo foder outro preto”.
Os PMs gravaram Aline questionando sobre sua afirmação. Ela, então, disse não ter cometido injúria, apenas indagado como o policial abordava uma pessoa “na mesma condição de classe” que o militar. Veja:
Nas imagens, a própria influenciadora afirma estar embriagada, momento a partir do qual ela começa a ofender e desacatar os agentes com frases sobre salário e cultura. Em mais de um momento, ela afirmou aos policiais contar com um milhão de seguidores nas redes sociais.
Aline foi solta ainda no sábado (25/10), após audiência de custódia, e terá de cumprir medidas cautelares, como não sair à noite ou frequentar determinados lugares.
Apesar de afirmar trabalhar para o governo federal nos vídeos feitos pelos policiais militares durante a prisão no sábado, a Secretaria de Comunicação (Secom) negou que Aline integre ou já tenha integrado o quadro de funcionários da pasta.
A influenciadora diz em sua fala, especificamente, que atua como assessora na Secom do governo. No boletim de ocorrência obtido pelo Metrópoles também consta que ela se identificou como “funcionária pública federal”.
Aline é professora de Educação Básica 1 na Secretaria Municipal da Educação de Ribeirão Preto, da qual está de licença não remunerada de três anos desde junho de 2024.



