Em meio ao shutdown do governo dos Estados Unidos, a Casa Branca passa por uma reforma milionária determinada pelo presidente Donald Trump. Parte da ala leste da residência oficial começou a ser demolida, nessa segunda-feira (20/10), para dar lugar a um novo salão de baile com mais de 8 mil m², com capacidade para cerca de 650 pessoas. O projeto está avaliado em US$ 250 milhões (aproximadamente R$ 1,43 bilhão) e, segundo Trump, será financiado com recursos privados, vindos dele próprio e de empresários de setores como tecnologia, finanças e armamentos.
As equipes de construção começaram a demolição pela entrada coberta e de janelas da Ala Leste. O presidente afirmou que o espaço está sendo “totalmente modernizado”, mas garantiu que a obra “não interferirá na estrutura atual”.
“Ficará próxima, mas sem tocá-la, e mostra total respeito ao edifício existente, do qual sou o maior admirador. É o meu lugar favorito. Eu amo esse lugar”, declarou Trump em julho.
O republicano anunciou o início das obras em uma postagem nas redes sociais, dizendo que “a construção começou” do tão “necessário” salão de baile. Segundo ele, o novo espaço atende a um desejo “de mais de 150 anos” dos presidentes norte-americanos, que sonhavam com um salão adequado para recepções, visitas de Estado e eventos oficiais.
Kevin Dietsch/Getty Images
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Reforma em meio ao shutdown
Apesar do tom de celebração, o projeto tem gerado críticas e questionamentos. Isso porque a reforma ocorre em meio ao shutdown mais longo dos últimos anos, que já dura quatro semanas e afeta diretamente 1,4 milhão de servidores públicos.
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Ao menos 900 mil funcionários foram afastados sem salário, enquanto outros 700 mil seguem trabalhando sem remuneração. Estima-se que a paralisação esteja causando prejuízos de até US$ 2 bilhões por dia à economia norte-americana.
A congressista democrata Suzan DelBene, de Washington, criticou o momento escolhido para a reforma. “Trump está mais focado em destruir a Casa Branca para instalar um salão de baile no estilo Mar-a-Lago do que em reabrir o governo ou garantir que as pessoas possam pagar pela assistência médica”, escreveu nas redes sociais, fazendo referência à propriedade privada do presidente na Flórida.
@metropolesoficial Equipes demoliram parte da histórica Ala Leste da #CasaBranca, na segunda-feira (20/10), para começar a construir o salão de baile do presidente #DonaldTrump, um projeto que ele disse que não interferiria no marco existente. Grandes equipamentos de construção foram vistos desmontando a fachada do edifício, parte do complexo da Casa Branca que abrigou os escritórios da primeira-dama, um teatro e uma entrada para visitantes que recebe dignitários estrangeiros. O projeto do salão de baile deve custar mais de US$ 250 milhões, valor que Trump disse em julho que seria pago por ele e por doadores. A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário sobre a obra no atual prédio da Ala Leste. A atual Ala Leste foi erguida em 1942, durante o governo de Franklin D. Roosevelt e em meio à Segunda Guerra Mundial, sobre um bunker construído para uso do presidente em caso de emergência. #tiktoknotícias ♬ som original – Metrópoles Oficial
Do lado de fora da Casa Branca, é possível ver grandes máquinas de construção, algumas decoradas com bandeiras dos EUA, próximas à ala leste. O prédio, construído originalmente em 1902 e reformado pela última vez em 1942, abriga parte dos escritórios da primeira-dama e espaços administrativos.
Incertezas sobre aval para a reforma
A grandiosidade do projeto também levantou preocupações entre especialistas em preservação histórica. Robert K. Sutton, ex-historiador-chefe do National Park Service (NPS), afirmou que há “controvérsias em praticamente qualquer intervenção feita na Casa Branca desde que ela foi construída”, mas que, neste caso, o processo parece ter sido apressado.
“Esse edifício é de uma importância enorme, é o mais importante prédio do Poder Executivo no mundo, e, ainda assim, não sabemos o que está acontecendo. Acho isso totalmente inadequado”, disse à BBC.
O NPS, responsável pela administração da Casa Branca e dos parques ao redor, tem diretrizes rigorosas para qualquer reforma ou ampliação. As regras incluem a análise detalhada dos planos, revisão de custos e aprovação de arquitetos. No entanto, segundo Sutton, não há clareza se o projeto de Trump passou por esse trâmite.
For over 100 years, presidents have enhanced the White House, preserving its legacy as a symbol of our nation. Today, President Trump proudly broke ground on the new, big White House Ballroom.
Privately funded, it costs taxpayers nothing & will be cherished for generations.
pic.twitter.com/p1rZdYmrOy — The White House (@WhiteHouse) October 21, 2025
A Comissão Nacional de Planejamento da Capital, que normalmente supervisiona grandes obras federais em Washington, também não confirmou ter recebido os planos do novo salão. O presidente da comissão, Will Scharf, que também atua como secretário de gabinete da Casa Branca, afirmou, em setembro, que o órgão “não tem jurisdição sobre demolições ou preparação de terrenos em propriedades federais”.
Mesmo sem aprovação formal, a Casa Branca anunciou que escolheu a empresa Clark Construction para liderar a obra e o escritório McCrery Architects para o projeto arquitetônico. O arquiteto-chefe, Jim McCrery, afirmou que o objetivo é “preservar a elegância do design clássico e a importância histórica” da residência. Já o Serviço Secreto será responsável por ajustes de segurança na nova estrutura.
Trump tem promovido uma série de mudanças na Casa Branca desde o início do mandato. Neste ano, o presidente mandou decorar o Salão Oval com detalhes dourados e substituir parte do gramado do Jardim das Rosas por concreto, para instalar mesas e cadeiras. Também inaugurou a “Calçada da Fama Presidencial”, espaço que exibe os retratos de ex-presidentes dos Estados Unidos.