O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar a China, nesta terça-feira (14/10), por não comprar soja norte-americana, e alegou que a postura de Pequim prejudica agricultores do país. Em publicação na rede social Truth Social, Trump afirmou que o governo considera tomar medidas de retaliação, como encerrar negócios com o governo chinês relacionados a compra de óleo de cozinha e outros produtos comerciais.
“Acredito que a China, propositalmente, não comprar nossa soja, causando dificuldades aos nossos produtores de soja, é um ato economicamente hostil. Estamos considerando encerrar negócios com a China relacionados a óleo de cozinha e outros elementos do comércio, como retaliação. Por exemplo, podemos facilmente produzir óleo de cozinha nós mesmos, sem precisar comprá-lo da China”, escreveu Trump.
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Críticas e alerta a aliados
Mais cedo, durante encontro com o presidente argentino, Javier Milei, Trump afirmou que a China gosta de “tirar vantagem dos outros países”, especialmente dos EUA.
O republicano também alfinetou Milei. “Vocês podem cooperar comercialmente, mas não devem fazer mais nada. E certamente não devem se envolver em questões militares com a China. Eu ficaria muito chateado com isso”.
A revolta de Trump sobre a soja não é recente. Há pelo menos duas semanas, o republicano já havia criticado Pequim por reduzir drasticamente as importações do grão e prometeu apoio financeiro aos produtores norte-americanos. Ele também responsabilizou o governo Biden pelo descumprimento de acordos anteriores que previam bilhões de dólares em compras de produtos agrícolas.
Crise da soja e impacto nos EUA
- A China comprou mais de US$ 12 bilhões em soja dos EUA em 2024. No entanto, em setembro de 2025, zerou as importações, condicionando o retorno ao fim das “taxas irracionais” impostas pelos Estados Unidos.
- Com a lacuna aberta, Argentina e Brasil aumentaram as exportações para o país asiático.
- Nos Estados Unidos, produtores enfrentam risco de falência e prejuízos bilionários, já que até 60% da produção de soja de alguns estados tem como destino o país asiático.
- Além disso, agricultores lidam com falta de armazéns, escassez de mão de obra e inflação alta, impulsionada pelas tarifas.
- Trump anunciou que os recursos arrecadados com tarifas serão usados para criar um fundo de auxílio emergencial aos agricultores. “Vamos pegar parte desse dinheiro das tarifas que arrecadamos e repassar aos nossos fazendeiros até que as tarifas passem a beneficiá-los”, afirmou.
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Brasil ganha espaço
Enquanto a soja norte-americana perde espaço, o Brasil se tornou o principal fornecedor do grão para a China. Entre janeiro e agosto de 2025, Pequim importou 5,8 milhões de toneladas de soja dos EUA, contra 26,5 milhões no mesmo período do ano passado, queda de quase 80%.
No mesmo período, o Brasil exportou mais de 77 milhões de toneladas para a China. A Argentina também aumentou as vendas após suspender temporariamente impostos sobre exportações.
Segundo levantamento da American Farm Bureau Federation, a retração não é pontual e faz parte de uma política chinesa de diversificação de fornecedores implementada desde 2018, no primeiro governo de Donald Trump. Desde então, o país asiático deixou de dar prioridade aos agricultores norte-americanos.