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    Venda de “sementes da noia” faz agrônomos da erva pegarem pena pesada

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    A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) encerrou com êxito uma das maiores operações já deflagradas contra o tráfico de drogas de alta tecnologia no país. Todos os integrantes da organização criminosa conhecida como “os agrônomos da erva” foram condenados. Somadas, as penas ultrapassam 180 anos de reclusão, um marco na repressão ao tráfico estruturado e profissionalizado.

    A Operação Breeder, conduzida pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), teve início nas primeiras horas da manhã de 27 de fevereiro do ano passado. Com o apoio de diversas delegacias e unidades especializadas, os agentes cumpriram mandados de prisão e busca em diferentes regiões do DF e de outros estados.

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    A investigação revelou que o grupo operava como uma startup do crime, com estrutura empresarial, divisão de tarefas e lucros mensais que ultrapassavam R$ 2 milhões. O esquema incluía plataformas digitais de venda, produtores cooperados, e um sistema de lavagem de dinheiro sofisticado, que mascarava os ganhos ilícitos como rendimentos de um banco de sementes “especializadas”.

    Veja as condenações:

    • Renato Mendes Brasileiro – 44 anos, 6 meses e 10 dias de reclusão. Ele foi identificado como líder e mentor intelectual do grupo, responsável pela coordenação logística e financeira do esquema.
    • Bruno Klyford Cirino de Souza Portes – 35 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão. Atuava na área de cultivo indoor e distribuição das sementes em território nacional.
    • Gabriel Filgueira Alves Batista – 35 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão. Responsável pelo setor de tecnologia e pelas plataformas digitais de venda.
    • Lucas Lima Rodrigues – 35 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão. Gerente de produção e manutenção das estufas de cultivo de maconha.
    • Luís Henrique Lorentz Almeida – 35 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão Ligado à área de embalagens e comercialização das sementes gourmetizadas.

    Apreensões

    Durante a fase ostensiva, foram apreendidos grande quantidade de maconha, tanto colhida quanto em estufas de cultivo indoor, além de equipamentos tecnológicos de ponta, incluindo sistemas de refrigeração, iluminação, prensas, impressoras 3D, contadoras de sementes e máquinas de embalagem a vácuo.

    Os policiais também localizaram milhares de sementes de maconha, prontas para comercialização e embalagens personalizadas, com logomarca exclusiva do “banco de sementes”. A operação ainda resultou em veículos de luxo e dinheiro oriundo do tráfico.

    O mesmo ocorreu Armas de fogo, encontradas em residências de dois dos condenados.

    Sentença exemplar

    Na sentença, a Justiça destacou que o grupo não apenas traficava drogas, mas controlava toda a cadeia produtiva, desde a transmutação e cultivo até a distribuição e comercialização.
    A atuação organizada e de alta periculosidade justificou as penas severas, que totalizam mais de 180 anos de prisão.

    “A reprimenda imposta aos condenados é uma resposta à profissionalização e à ousadia de um esquema que tentou se travestir de negócio legal”, afirmou o juiz responsável pela decisão.

    Com a condenação dos “agrônomos da erva”, a PCDF reafirma seu compromisso no combate ao tráfico de drogas e à criminalidade organizada. A Operação Breeder torna-se um exemplo de investigação técnica e de enfrentamento à modernização do tráfico no Brasil.