O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou, nesta terça-feira (1º/10), que o aceno feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstra uma “nova disposição norte-americana” para negociações em relação ao tarifaço. Os dois chefes de Estado devem conversar em breve.
O encontro foi anunciado por Trump em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na semana passada (23/9). Depois de uma breve conversa entre os dois, o líder norte-americano elogiou o petista na tribuna do evento.
“Esses acontecimentos denotam uma nova disposição norte-americana, que evidentemente recebemos com agrado e que buscaremos nos valer para superarmos as medidas e sanções contra o nosso país, que contrastaram com o histórico e com a qualidade das relações que o Brasil e os EUA sempre mantiveram”, afirmou Vieira.
Segundo o ministro, o governo considerou a conversa na ONU, mesmo que breve, “muito positiva”, e que as referências positivas feitas a Lula foram “relevantes”.
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Vieira fez as declarações durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), da Câmara dos Deputados. O ministro foi convocado pela comissão para prestar esclarecimentos sobre diversos assuntos de competência do Itamaraty.
Como mostrou o Metrópoles, na coluna Igor Gadelha, fontes do Ministério das Relações Exteriores avaliam que um encontro em território neutro reduziria a exposição de Lula a possíveis “imprevisibilidades” de Trump.
Porém, ainda existe a possibilidade de que a conversa entre as duas autoridades não seja presencial, mas por telefone ou videoconferência, e que apenas depois disso seja marcado um encontro presencial.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse, na segunda-feira (29/9), que está otimista em relação ao encontro, mas que ainda não há informações sobre data e formato da conversa.
Anúncio na ONU
Em meio a risadas, Trump disse, na tribuna da ONU, que gosta de Lula e que “só faz negócios com gente de quem ele gosta”.
O encontro rápido entre os dois ocorreu logo depois do discurso de abertura de Lula na ONU. O Brasil é o primeiro a discursar nas Nações Unidas desde 1955, à exceção das assembleias de 1983 e 1984. Na sequência, iniciou-se o discurso do presidente norte-americano, anfitrião da Assembleia Geral da ONU.
O aceno de Trump a Lula acontece em meio à guerra tarifária travada entre os dois países. Em abril, o presidente norte-americano aplicou uma alíquota padrão de 10% para os produtos importados da América Latina. Já em julho, o líder da Casa Branca ampliou a alíquota de 50% apenas para os itens brasileiros, em decorrência do que ele chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
