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    18 horas de confronto: imagem mostra policiais sendo atacados pelo CV

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    Rio de Janeiro — Imagens captadas durante a operação que paralisou o Rio na última semana mostram, pela primeira vez, como foi o avanço das forças de segurança pela mata fechada no alto da Penha. Gravados por drones e pelas câmeras fixadas nos coletes dos agentes, os vídeos registram a ação contra o Comando Vermelho (CV) em um dos terrenos mais hostis da capital fluminense.

    As cenas, divulgadas por fontes da Segurança Pública, escancaram um cenário que se assemelha a operações militares. Tiros contínuos, explosões, bombas químicas e equipes correndo sob intensa pressão marcaram as quase 18 horas de confronto que resultaram na morte de 121 pessoas, entre elas quatro policiais.

    Cerco na mata e resgate sob fogo

    As filmagens mostram grupos de criminosos tentando se esconder entre árvores e barrancos, enquanto equipes do Bope tentavam avançar. Em determinado momento, um policial é ferido e colegas fazem o resgate sob rajadas de fuzil disparadas a curta distância.

    O sargento Cleiton Serafim Gonçalves foi baleado quando tentava retirar outro policial da linha de tiro. Ele não resistiu, tornando-se um dos quatro agentes mortos durante a ação, que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares.

    Drones e câmeras corporais

    Nas imagens aéreas, é possível ver bombas de efeito moral sendo lançadas para dispersar criminosos que se deslocavam pela mata. Em ruas próximas, blindados e equipes terrestres bloqueavam rotas de fuga pelos acessos dos complexos do Alemão e da Penha.

    Apesar da extensão da operação, parte das gravações não pôde ser recuperada. O tempo prolongado de atuação fez com que algumas câmeras corporais fossem perdendo bateria ao longo do dia.

    117 suspeitos mortos já identificados

    De acordo com as forças de segurança, os corpos passaram por perícia. A Defensoria Pública informou que os 117 mortos que estavam no Instituto Médico Legal já foram liberados às famílias, os últimos três no domingo (2), dois vindos do Pará e um de Santa Catarina.

    As mortes seguem sob investigação.

    Mandados, armas e prisões

    A ação buscava cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão contra lideranças do tráfico ligadas ao CV.

    Balanço oficial divulgado pelas autoridades:

    • 121 mortos: 117 suspeitos e 4 policiais
    • 113 presos: 33 de outros estados
    • 10 menores apreendidos
    • 118 armas apreendidas: sendo 91 fuzis
    • Mais de 1 tonelada de drogas apreendida

    Entre os presos, há integrantes ligados a facções de outros estados enviados ao Rio como reforço na disputa territorial.

    Doca continua foragido

    Mesmo com o cerco, o principal alvo da operação não foi localizado. Edgard Alves de Andrade, o Doca, apontado como um dos chefes nacionais do CV, segue foragido.

    Cúpula da Segurança afirma que a prisão dele é questão de tempo.