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    A escola deve atender tanto a parte cognitiva quanto a socioemocional

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    Cada vez mais pais ou responsáveis buscam escolas com suporte de inteligência emocional para completar o ensino pedagógico no desenvolvimento desde o Ensino Infantil ao Médio dos alunos.

    Uma preocupação relevante diz respeito a desenvolver neles a capacidade de reconhecer, compreender, gerir as emoções próprias e alheias.

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    “Desejo que esse tempo seja devolvido para as crianças por meio do conhecimento.” É assim que Jaime Ribeiro, CEO e cofundador do Educa Saúde Emocional, descreve a mudança ideal para garantir essa educação mais humana, inovadora e conectada com o amanhã, buscando o equilíbrio do uso tecnológico com as emoções.

    A opinião do especialista integrou o segundo painel (Educação por competências e habilidades socioemocionais) do Talk Educação do Amanhã 2025, mediado pela jornalista Yngrid Duarte, com Jaime Ribeiro; Denise de Felice, pedagoga e Mestre em Linguística Aplicada pela UnB; e Laessa França, consultora e gestora educacional do desenvolvimento cognitivo e socioemocional.

    Para Ribeiro, é um trabalho que já começou a ser feito com a proibição do uso do celular em sala de aula.

    Ele pondera que, pela primeira vez, o ser humano está diante de uma tecnologia que é capaz de substituir um órgão essencial do corpo, o cérebro.

    Ribeiro utilizou a invenção da roda para exemplificar a colocação. Ela veio para nos ajudar a ir mais distante, como uma extensão das pernas.

    O telefone é igualmente para a capacidade de se comunicar com outras pessoas, com uma velocidade e distância que até alguns anos eram inimagináveis.

    No entanto, a roda e o telefone dependem de comandos e ações humanas específicas, o algoritmo é diferente.

    O especialista questionou: será que ganhamos mesmo tempo com isso? Um adulto talvez seja capaz de consumir um conteúdo feito por inteligência artificial e diferenciá-lo, mas uma criança que está aprendendo não. Por isso, manifesta-se a necessidade de um olhar atencioso dos pais e educadores.

    Jaime Ribeiro segurando microfone do Talk Educação do AmanhãPara Ribeiro, preparar os alunos para o mundo passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento socioemocional

    Modelo ultrapassado

    Com tantas mudanças externas, as escolas devem buscar o equilíbrio do desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos alunos.

    Para a pedagoga Denise de Felice, ambos não são “duas caixinhas separadas”, mas sim partes da mesma engrenagem que estão diretamente ligadas.

    Ela criticou o modelo educacional ultrapassado que ainda permanece focado unicamente no conteúdo, que remonta à Primeira Revolução Industrial, como visto no filme “Tempos Modernos”, o qual todos deveriam fazer exatamente a mesma coisa, tudo em série, sem se adiantar ou atrasar no processo, ignorando completamente o lado humano.

    “Precisamos entender que essa escola deve atender tanto um lado, a parte acadêmica, mais cognitiva, quanto a parte das habilidades socioemocionais”, ressaltou.

    A escola que ainda pensa que o conteúdo é o principal, perde a perspectiva de formação pessoal. Portanto, se uma criança, em contexto escolar luta por questões socioemocionais básicas, a parte pedagógica não se desenvolverá de maneira ideal ou vice-versa.

    Inegavelmente, as instituições tem se voltado mais para tal desenvolvimento, no entanto, ainda existem pontos específicos que necessitam ser elaborados, uma delas é a formação do profissional que ainda está sendo baseada em conceitos ultrapassados, desde a formação até as licenciaturas.

    Segundo Denise, não cabem apenas programas com aulas que abordem temas com desafios superados, pois os momentos de conflitos são na verdade uma oportunidade para atuarem juntos com a criança.

    Denise palestrando com microfone na mão no Talk Educação do AmanhãDenise: “A criança não consegue fazer essa transposição de uma aula teórica, às vezes, para aquela realidade”

    Autonomia na administração pedagógica

    Mais que um viés pedagógico, o desenvolvimento integral é um princípio fundamental garantido por um conjunto de leis e políticas públicas, alicerçado na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Portanto, não é algo opcional, mas uma preocupação que todas as escolas privadas e públicas devem ter.

    Não somente parte do desenvolvimento cognitivo, mas um complemento de tudo que o ser humano precisa para o desenvolvimento em áreas culturais, emocional e assistencial.

    De acordo com a profissional de gestão educacional, Laessa França, a autonomia na administração pedagógica é essencial para que seja possível colocar em prática tudo o que é responsabilidade da escola enquanto instituição e educadores.

    França evidencia que o trabalho desenvolvido por educadores para mediar conflitos precisa contar com o apoio dos pais ou responsáveis para que todo o processo não atrapalhe o desenvolvimento de outra área.

    “A partir do momento em que uma família procura uma instituição e delega a responsabilidade da educação e do desenvolvimento integral, ela precisa fazer com segurança.”

    Foto colorida palestrante Laessa no Talk Educação do AmanhãPara Laessa, a mudança necessária para garantir o futuro humano e tecnológico da educação se faz entendendo que é essencial diminuir a distância entre o que é falado e praticado no ambiente escolar

     

    O Educação do Amanhã 2025 é uma iniciativa do Metrópoles, com oferecimento da One School e do Serviço Social do Comércio no Distrito Federal (Sesc-DF), além do apoio do Sigma e do Galois,

    Assista o talk completo: