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    Alunos entoam canto do Bope em escola do Paraná, denuncia sindicato

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    O Sindicato dos Professores e Funcionários de Escolas do Paraná (APP-Sindicato) publicou um vídeo, em seu perfil no Instagram, denunciando suposta doutrinação e violação dos direitos de alunos adolescentes pelo programa Colégios Cívico-militares, em uma escola estadual da capital Curitiba.

     

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    Nas imagens, é possível ver um grupo de estudantes uniformizados, entoando canto atribuído ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, com letra que faz apologia ao ódio e violência.

    Eles marcham em linha na quadra da escola, sob observação de um militar aposentado, entoando:

    “Homem de preto, o que é que você faz? Eu faço coisas que assusta o satanás. Homem de preto, qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpo no chão. O Bope tem guerreiros que matam fogueteiros. Com a faca entre os dentes, esfola eles inteiros. Mata, esfola, usando sempre o seu fuzil,” diz um dos trechos.

    Para Walkiria Mazeto, presidenta da APP-Sindicato, cenas como as do vídeo não são isoladas.

    “Desde o início deste programa [Colégios Cívico-militares], temos recebido e denunciado ocorrências semelhantes e até piores em escolas que adotaram o modelo cívico-militar. É chocante ver que a escola pública esteja sendo usada para promover uma doutrinação ideológica extremista, que prega o ódio, a violência, o massacre e o extermínio de comunidades periféricas. Isso é muito grave”, defendeu.

    O deputado estadual Tadeu Veneri (PT-PR) também foi a público e manifestou repúdio pelas imagens: “Nós vamos levar esse caso a exame do Ministério da Educação e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. É uma violação inequívoca do Estatuto da Criança e do Adolescente,” afirmou.

    O que diz a Secretaria de Educação

    A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) informou que tem conhecimento das imagens e solicitou “imediatamente informações à direção da escola e aos profissionais envolvidos”.

    Segundo a pasta, o conteúdo registrado “não condiz com as diretrizes, princípios e orientações da rede estadual de ensino”. A secretaria diz repudiar qualquer manifestação que estimule violência ou discriminação.

    O Metrópoles entrou em contato com o governo de Ratinho Júnior (PSD-PR) e ainda não recebeu resposta. O espaço segue aberto.

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    Mais escolas no modelo militar

    No último dia 19 de novembro, a Seed-PR anunciou um aumento no número de escolas que passarão a adotar o modelo cívico-militar. Serão mais 33 colégios cívico-militares, totalizando 345 instituições dentro do modelo.

    Segundo a secretaria, o aumento é resultado da consulta pública realizada no começo do mês em escolas da rede estadual.

    “A aprovação pela comunidade escolar, registrada em 66% das unidades consultadas, confirma a ampla aceitação do modelo e consolida o Estado como detentor da maior rede de colégios cívico-militares do país”, diz a pasta.