O ator Marcos de Andrade vive um dos personagens mais comentados de Tremembé, série do Prime Video que revisita episódios envolvendo figuras públicas reais que passaram pelo famoso presídio paulista.
Na produção, Marcos interpreta Acir Filló, ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos, que foi preso após se tornar alvo de investigações relacionadas a corrupção. Com a repercussão da série e o destaque inesperado que seu personagem ganhou, o ator conversou com a coluna sobre o processo de criação, as polêmicas recentes e os limites entre ficção e realidade.
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Críticas a sua aparência
Ao ser questionado sobre o comentário de Acir Filló, que afirmou que ele seria “feio” para interpretá-lo, Marcos explicou que não deu importância ao episódio. Segundo ele, a situação “já nasceu desimportante” e não merecia sua energia diante de assuntos mais relevantes.
“Quando eu olho para fora eu vejo uma infinidade tão enorme de assuntos tão importantes para me ocupar que eu me sentiria bastante culpado de ocupar meu tempo com uma polêmica que é vazia e não diz nada sobre nada para ninguém”, afirmou.
O ator acredita que a fala do ex-prefeito foi apenas uma “brincadeira inocente” e que comentários desse tipo fazem parte de sua profissão. “Eu não me importo com o que as pessoas pensam ou falam de mim. Não dou a mínima, para falar a verdade”, disse ele, acrescentando que achou “engraçado” ter virado assunto por causa de sua aparência.
Decisão de viver fora das redes
Sem contas em redes sociais, Marcos explicou que sua escolha é motivada principalmente por questões de saúde mental. Ele disse que viveu “uma vida muito sadia” ao não lidar com comportamentos que considera comuns nesses ambientes.
“Nunca me faltou trabalho mesmo não tendo rede social, sabe? Sinto que só posso ser o ator do modo que quero sendo desconectado”, afirmou. Para ele, o material essencial de um ator é o estudo e a investigação da natureza humana, algo que, na visão dele, as redes não acrescentariam.
“As redes sociais tendem a transformar as pessoas em uma imagem, de certa maneira em um falseamento da realidade”, afirmou, destacando que prefere viver no mundo real e não incorporar “a frequência das redes sociais” ao seu cotidiano.
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Estudo para o personagem
Sobre a construção de Acir Filló, Marcos contou que tratou o caso com cautela, por envolver acusações reais e ainda sensíveis. Ele explicou que, nas pesquisas que fez, não encontrou clareza sobre o processo envolvendo o ex-prefeito.
“Senti tudo muito nebuloso quando estava pesquisando sobre o Acir. Não cheguei a conclusões e não havia, na construção do personagem, uma conclusão exata sobre o estado do processo naquele momento”, disse. Por isso, mergulhou na personalidade e trajetória do político.
“Sempre vi o Acir como um sujeito resiliente, com senso de oportunidade gigante. Senti que ele não abaixaria a cabeça e sempre encontraria um jeito de voltar para o jogo”, afirmou.
O ator acredita que, dentro da série, seu personagem funciona quase como um observador do caos ao redor. Comparando a densidade dos crimes cometidos por outros detentos retratados na trama, ele disse que Alcir representava uma certa leveza para equilibrar as histórias mais pesadas.
Reconhecimento
Para Marcos, o mais importante foi encontrar o ponto entre o respeito à figura real e a liberdade de criar. “A gente tem que entender que existe uma pessoa aqui fora, mas também saber que o personagem é de ficção e não pode ser considerado a reprodução daquela figura do mundo real.”
O intérprete contou ainda que não tinha grandes expectativas sobre a repercussão da obra. Ele revelou que acreditava que seria mais reconhecido por outro trabalho recente, a série Reencarne, do Globoplay, onde interpretou um personagem de forte carga dramática e alta complexidade. A surpresa com Tremembé veio na rua.
“Nunca fui tão cumprimentado, tão reconhecido e parado para tirar foto como agora com o Acir Filló”, contou.
Segunda temporada de Tremembé
Sobre uma possível participação na segunda temporada, Marcos disse que sabe apenas que a continuidade da série foi confirmada, mas reforçou que não tem informações sobre o roteiro.
“Em um primeiro momento, não acredito na presença do Acir porque ele termina a primeira temporada sendo transferido para o Pinheirão”, explicou.
Entre os próximos projetos, o ator adiantou que estará no longa “As Vitrines”, além de “Antártida”, produção da Globoplay ainda inédita. Ele também gravou o filme policial “Pacto de Sangue – Hora Zero” e o terror “Grampo”. Depois de um ano intenso, pretende descansar um pouco antes de dar início a sua peça teatral que começará a ser produzida em janeiro de 2026.