Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foragidos dos ataques de 8 de janeiro de 2023 preparam um protesto contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), às 10h desta quinta-feira (6/11) em Buenos Aires.
Moraes vai participar de um evento na capital da Argentina organizado por outro ministro do STF, o decano Gilmar Mendes. O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luís Felipe Salomão, também vai palestrar no evento. Além dos magistrados, a programação conta com deputados, senadores e ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Os protestos estão marcados para quinta e sexta-feira, na porta da Faculdade de Direito de Buenos Aires, onde será o evento. No sábado e no domingo, os manifestantes brasileiros vão se reunir em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino. O grupo se organiza nas redes sociais.
Os manifestantes fizeram faixas que pedem a ajuda de líderes internacionais de direita, como os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Argentina, Javier Milei. As placas, em português, espanhol e inglês denunciam o que o grupo chama de perseguição vivida pelos manifestantes bolsonaristas.
Quem são os manifestantes
Centenas de brasileiros que participaram da invasão às sedes dos Três Poderes da República em 8 de janeiro de 2023, ou de outros protestos após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, migraram para a Argentina em auto-exílio. Vários condenados fugiram pela fronteira terrestre e já se estabeleceram no país há mais de dois anos.
Um dos casos é de Symon Albino, de 34 anos, que ficou 65 dias acampado em frente ao quartel general do Exército em Campinas (SP). No Brasil, ele responde por 16 crimes e está com as contas bloqueadas, mas nunca foi julgado. A situação fez com que ele terminasse o casamento de mais de 10 anos e fosse para a Argentina, deixando quatro filhos no Brasil.
Manifestantes prepararam faixas contra Alexandre de Moraes
Reprodução
Bolsonarista Symon Albino em protesto em Brasília
Reprodução/Redes Sociais
Cacique Tserere ou Serere
Reprodução/Vídeo
Novo protesto de bolsonaristas irá para a frente da Casa Rosada
Reprodução/Redes Sociais
No país vizinho, ele trabalha em restaurantes e já morou em várias cidades. Depois de uma onda de prisões de brasileiros, Albino foi para a cidade interiorana de San Juan, de onde não sai há 16 meses. Nesta quarta-feira (5/11), ele pegou um avião para protestar contra Moraes.
“O protesto é um pedido de socorro para ver se chega no Milei. Queremos mostrar para os advogados que vão no evento e para os que tão estudando quem é Moraes, que ele é alvo da Lei Magnitsky”, afirma Albino ao Metrópoles.
O grupo se considera refugiado político, embora a maioria ainda não tenha conseguido oficializar esse status. Entre eles, está o cacique Sererê Xavante, indígena bolsonarista que ficou famoso após protestos na Esplanada dos Ministérios, no Congresso Nacional e no Aeroporto de Brasília.
“Alexandre de Moraes quer nos matar. Somos brasileiros perseguidos”, diz, em espanhol, uma das faixas que serão levadas aos protestos.
Albino afirmou que só participarão do protesto brasileiros que não estão na lista de extradição. No fim do ano passado, uma lista com 61 nomes foi encaminhada por Moraes à Justiça argentina – cinco foram presos e os outros seguem foragidos.
Políticos na Argentina
O fórum de Buenos Aires vai receber os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura), ambos do PSD. Do Senado, os painéis contarão com os senadores Eduardo Gomes (PL-TO) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), postulante ao STF.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), também irá ao evento e será um dos alvos dos bolsonaristas. Os deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Tábata Amaral (PSB-SP) também representarão a Câmara.
