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    Bolsonaro, de soldado a soldador e à espera do download

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    A essa altura, talvez pouco importe onde ele fique detido para dar início ao cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão pelo ato estúpido de ter tentado um golpe de Estado.

    Não será no aconchego de sua casa. Poderá ser onde ele está hoje, numa sala da Polícia Federal reformada para abrigá-lo. Ou num quartel do Exército. Ou no Complexo Penitenciário da Papuda.

    O certo é que seus advogados de defesa reconhecem que já não têm mais o que fazer para reescrever o destino de Jair Messias Bolsonaro depois do que ele fez no último fim de semana.

    Como soldado, Bolsonaro destacou-se por vencer corridas de pouca distância – daí o apelido de “Cavalão”. E por reclamar do soldo, daí ter planejado atentados terroristas.

    Como político do baixo clero da Câmara, ninguém o levava a sério. A ponto de ele ter pensado em se aposentar. Lançou-se candidato a presidente só para impulsionar a carreira dos filhos.

    Deu que se elegeu impulsionado por uma facada que quase lhe custou a vida. Não mudou na Presidência. Seguiu sendo o mesmo homem sem ideias. Salvo uma: tornar-se um ditador.

    Perdeu todas as paradas que enfrentou desde então, inclusive a última ou a mais recente que o promoveu de soldado a soldador. Melhor chamá-la de a mais recente. Pode não ser a última.

    Está nos autos, no vídeo e, por enquanto, na memória coletiva: ele disse que começou a violar a tornozeleira no final da tarde da última sexta-feira. Por qual motivo? “Curiosidade”.

    No domingo, em audiência de custódia, instruído por advogados, disse que a violou porque havia surtado, provavelmente sob o efeito dos remédios que tomava. Falou de “uma certa paranoia”.

    Quer dizer: passou mais de 6 horas em surto entre o final da tarde da sexta e o momento em que foi interrogado e filmado pela agente policial que apareceu em sua casa à primeira hora do sábado?

    E não se deu conta que surtara? E as pessoas que estavam na casa, e que dali saíram por volta das 21h30m, também não se deram conta? Não o viram com a solda em punho?

    E o mais extraordinário: embora em meio a um surto psicótico, Bolsonaro foi hábil o suficiente para usar a solda sem provocar queimaduras na sua pele? Mais um milagre do Messias!

    De tanto atirar no pé, Bolsonaro atingiu a própria cabeça. Tem lugar cativo em qualquer manual da estupidez política. Só lhe resta agora esperar sentado que se consuma o download.

    O tempo é o senhor da razão.

     

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