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Bolsonaro é rejeitado pelos que poderiam lhe dar abrigo

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Bolsonaro é rejeitado pelos que poderiam lhe dar abrigo

Onde Bolsonaro começará a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão por golpe de Estado, abolição violenta da democracia, organização criminosa e danos ao patrimônio público e ao tombado? Só quem sabe é o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal. Se é que sabe.

Moraes mandou vistoriar todos os lugares possíveis, mas deparou-se com um problema: ninguém quer dar abrigo a Bolsonaro. Ninguém. Bolsonaro virou um estorvo que até a direita refuga – desde, naturalmente, que ela possa herdar seus votos. Sem a benção de Bolsonaro, o desempenho da direita em 2026 será pífio.

Se for obrigado por Moraes a acolher Bolsonaro em um dos seus quartéis, o Exército o fará, porém, a contragosto. Bolsonaro é sinônimo de encrenca para os militares que o apoiaram em 2018, 2022, e que por pouco não apoiaram sua tentativa de golpe. Pularam uma fogueira de bom tamanho, embora chamuscados.

A Polícia Federal, que em Curitiba hospedou Lula durante 580 dias, não quer ouvir falar em fazer o mesmo com Bolsonaro. Lula foi um prisioneiro pacífico, brincalhão, que logo se tornou amigo dos carcereiros. Um deles faz hoje parte de sua equipe de governo. Quando presidente, Bolsonaro quis intervir na Polícia Federal.

Por que não mandar Bolsonaro cumprir pena na Papuda, presídio de máxima segurança a pouco distância de sua casa? Políticos célebres já passaram pela Papuda, entre eles Paulo Maluf, José Dirceu, José Genoino, Valdemar Costa Neto, Geddel Vieira Lima, Natan Donadon. Eles devem guardar boas lembranças de lá.

É o governador Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, que não quer Bolsonaro na Papuda. Sequer na Papudinha, sede de um Batalhão da Polícia Militar que obedece às ordens de Ibaneis. No 8 de janeiro de 2023, a PM acompanhou os golpistas até a Praça dos Três Poderes. Ibaneis imaginou que seria um passeio no parque.

Ao Metrópoles, Ibaneis disse desconhecer o quadro de saúde de Bolsonaro, e que por isso não sabe se a Papuda tem condições de recebê-lo:

“Não sei como ele está, não o visito, não somos amigos. Não vou saber se ele tem condições de viver em presídio e com a alimentação que tem lá”.

Não são amigos? Até tu, Ibaneis?

Ibaneis transferiu a questão para Celina Leão, sua vice, que afirmou:

“A Papuda não tem condição de receber o Bolsonaro. Ele precisa de uma dieta especial, tem idade avançada, trata-se de um ex-presidente. Se for bem cuidado, vai ter uma vida prolongada”.

Ibaneis é do MDB, apoiou Bolsonaro antes de ele ser preso, e carece da ajuda dele para se eleger senador no próximo ano. Celina é do PP, apoiou Bolsonaro, e carece também do apoio dele para se eleger governadora. Ibaneis e Celina reservaram em sua chapa uma vaga ao Senado para ser ofertada a Michelle Bolsonaro.

Para Bolsonaro, a Papuda é um cálice de vinho amargo impossível de ser bebido por ele, além de representar a suprema humilhação. Agradece a compreensão de Ibaneis e Celina. Saberá retribuir na hora certa.

 

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