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    Bosque dos Salesianos: moradores protestam contra construção de prédio

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    A construção de um prédio residencial no terreno do Bosque dos Salesianos, na Lapa, zona oeste de São Paulo, está causando revolta em moradores da região. Nas redes sociais, populares criticam a derrubada de árvores e reivindicam a preservação da área. A construtora do edifício, no entanto, alega possuir “todas as autorizações necessárias para as atividades” e promete o plantio de novas mudas nativas. A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) concedeu alvará para a obra.

    

    Um perfil no Instagram, chamado “Movimento Salvem o Bosque”,  publicou vídeos de máquinas operando, desde a manhã desta terça-feira (4/11), na planificação do terreno do bosque, removendo árvores e outras vegetações. Nas imagens, é possível ver protestos de moradores, que lutam pela paralisação do maquinário.

    A remoção das árvores faz parte de um projeto de obra para a construção de um prédio residencial, coordenado pela empresa Tegra Incorporadora. De acordo com a companhia, o trabalho tem autorização da prefeitura e foi realizado um acordo de manejo arbóreo — replantio de árvores — com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

    A autorização irrita moradores da região, que defendem a preservação do bosque. Por meio de um abaixo-assinado, o movimento busca inclusive o tombamento do complexo do Salesianos junto ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

    Protestos

    Nas redes sociais, moradores do Alto da Lapa e apoiadores do movimento postaram vídeos em defesa ao bosque. Em gravações, é possível ver populares levantando mensagens críticas à construção do prédio e entoando cantos pela preservação das árvores.

     

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    Por meio de comentários, internautas também aproveitaram para deixar seu apoio à causa. Usuários aproveitaram para relembrar a 30° edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), que acontece no próximo dia 10, no Brasil.

    “Isso é um absurdo!!! Cadê a preservação ambiental? Em plena COP 30!!!! A ganância, o egoísmo, a alienação das pessoas pela falta de conexão com o que as mantém vivas e saudáveis! Triste ver o ser humano se autodestruindo. Isso tem a ver com esse prefeito e governador que só pensam em lucro e os próprios salesianos! Vamos continuar lutando por vidas, pela nossa vida e das próximas gerações”, criticou uma mulher.

    Outra apoiadora do movimento também usou as mídias sociais para detonar as ações humanas e defender o espaço verde de São Paulo. “Sabe o que mais dói? A biota não tem como se defender, ela apenas “aceita” seu destino. A cidade de SP já é uma imensa ilha de calor, que sofre com tempestades no verão em função da dinâmica atmosférica e dos contaminantes do ar”, lamentou.

    “A especulação imobiliária está acabando com a natureza, e nós, por tabela, que lutamos pelo meio ambiente, somos ignorados, como se não pagássemos impostos e não tivéssemos direito ao meio ambiente saudável. Quando as pessoas vão entender que, como animais, nós também dependemos da natureza para viver?”, concluiu.

    Construtora afirma autorização

    Procurada pelo Metrópoles, a Tegra Incorporadora informou que possui todas as autorizações necessárias para “as atividades em seu terreno”, incluindo o Alvará de Execução e o Termo de Compromisso Ambiental (TCA), emitidos pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

    Segundo a empresa, após questionamentos legais e ambientais, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) reconheceu a regularidade do empreendimento e autorizou a retomada das atividades. Para a ação, a empresa esclareceu que obedece critérios técnicos e ambientais da SVMA, e que cerca de 73% das árvores que serão removidas “encontram-se mortas, são invasoras ou exóticas”.

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    A Tegra afirma ainda que realizará o plantio de mais de 500 novas mudas nativas e a revitalização de quatro praças na região, com investimento superior a R$ 1 milhão, após o desmatamento.

    Prefeitura reforça autorização

    A Prefeitura de São Paulo, por meio da Procuradoria Geral do Município, alega que não há, atualmente, qualquer decisão judicial que impeça a intervenção no local. “O manejo arbóreo no Bosque dos Salesianos está autorizado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente com fundamentação técnica e legal, prezando pelo equilíbrio ambiental”, afirma a pasta.

    “Para o local, consta um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) para o manejo de 118 árvores, sendo 92 delas invasoras, exóticas e mortas e plantio compensatório de 1.799 árvores nativas na região. Para o empreendimento, há alvarás de Aprovação e Execução de Edificação Nova aprovados, emitidos considerando a legislação vigente”, explicou.