O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSol), escolheu uma comunidade da zona sul de São Paulo para fazer uma espécie de “segunda posse” e inaugurar um programa com o objetivo de aproximar o governo Lula (PT) das “quebradas” do país.
Ele optou por começar jogando em casa, em um campo de várzea no Campo Limpo, bairro periférico na zona sul paulistana, que é seu reduto eleitoral.

O Morro da Lua, local escolhido para o lançamento do programa Governo na Rua, é simbólico. Fica a menos de 4 quilômetros da casa do psolista e foi ali que ele lançou sua campanha a prefeito de São Paulo em 2020. A região também tem forte concentração do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que Boulos liderou.
“O Lula me pediu para não ser só um ministro que fique sentado na cadeira”, disse. “Nós vamos andar os 27 estados do Brasil e, do mesmo jeito que a gente tá fazendo aqui, nós vamos querer fazer os eventos pra ouvir o povo na quebrada, na periferia, não é no centro de convenção, não é na avenida Paulista”, completou.
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A ideia do programa é ouvir demandas da população periférica e levá-las para o governo federal. Boulos recebeu de Lula uma missão de “colocar o governo na rua”, justamente o nome do programa que o ministro lança neste sábado.
Cercado por aliados do MTST, movimentos de entregadores, rappers e deputados do Psol, Boulos também jogou para a torcida. Criticou a direita que só fala em cortes de verbas. “Vamos arrumar dinheiro taxando milionários, bancos e bets”, disse.
Ele também defendeu o fim da escala seis por um. “Outra coisa é você viver para trabalhar e não conseguir fazer mais nada da vida. Isso a gente não aceita. E vai brigar para que acabe a escala 6×1 nesse país”.
Aos jornalistas, ele ainda criticou o que chamou de “demagogia com sangue” da direita após mais de uma centena de mortes em megaoperação no Rio de Janeiro.
Boulos tomou posse em 29 de outubro, no lugar de Márcio Macedo (PT), cujo trabalho vinha sendo bastante criticado por diversos setores da esquerda. O trabalho do ministério é intermediar a relação do governo com movimentos sociais.
Mas não só isso. Ele também tem a missão de se aproximar de trabalhadores informais. Uma das presenças mais simbólicas neste sábado era a de Jr Freitas, do movimento de entregadores de apps, que subiu no palco para elogiar Boulos por ter sido o único que deixou esses trabalhadores elaborarem uma lei única para que ele apresentasse como deputado.
“Tem trabalhador que não tem nenhuma regra, ele não é CLT, ele não tem regra nenhuma, às vezes é até 7 por 0, não é não Jr? Por exemplo um motoboy que não tem hoje nenhum direito”, disse, voltando-se ao aliado do movimento de entregadores.
Na posse oficial de Boulos, centenas de integrantes de movimentos sociais foram ao salão nobre do Palácio do Planalto para assistir à cerimônia. Passada uma semana, o titular da pasta tem se movimentado para cumprir a missão dada por Lula. Em seu novo posto, o psolista já se reuniu com empresários, trabalhadores e conselhos populares.
No dia seguinte à posse, o novo ministro recebeu em seu gabinete representantes de entregadores de aplicativo. Na ocasião, o grupo entregou uma carta de reivindicações da categoria. A melhoria na relação com os trabalhadores dessa área é uma das prioridades da gestão do psolista à frente da pasta.
No mesmo dia, Boulos levou os convidados para almoçar no bandejão do Planalto, estabelecimento frequentado por servidores palacianos. No local, ele foi tietado por funcionários.