O campineiro Daniel Lucas de Campos, de 32 anos, morreu em combate na Ucrânia na segunda-feira (24/11). A informação foi confirmada pela esposa dele, Letícia Prado, que agora enfrenta a angústia da espera para trazer o corpo de volta ao Brasil. Daniel deixa dois filhos pequenos e uma rotina familiar construída ao longo de oito anos de relacionamento.
Voluntário nas forças ucranianas, Daniel saiu de Campinas em 12 de agosto, decidido a integrar o front. Segundo a família, ele tinha o sonho de servir.
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O desejo, porém, também tinha peso financeiro, o brasileiro assinou um contrato que previa pagamento mensal equivalente a R$ 25 mil, valor que jamais recebeu por completo.
A promessa que não veio
Segundo a família, nos dois primeiros meses Daniel recebeu apenas R$ 7 mil. Nos últimos dois meses, não recebeu nada. A esposa conta que o valor era essencial para a casa, já que ela não trabalhava.
A morte dele aconteceu dois dias após a confirmação da morte de outro brasileiro, Lucas Lima, de Minas Gerais, também em combate.
Desde segunda-feira, o corpo de Daniel permanece em Kiev, aguardando trâmites periciais.
Pelo protocolo, o governo brasileiro só custeia o envio até Brasília. De lá até Campinas, os familiares precisaram abrir uma vaquinha e arrecadaram R$ 11 mil.
O caminho até a guerra
Antes de embarcar, Daniel passou três dias em treinamento no Rio de Janeiro.
Trabalhou por anos como vendedor de carros e sempre falava sobre o sonho de integrar alguma força armada.
A família tentou dissuadir, mas acabou cedendo ao entusiasmo dele, e à promessa de estabilidade financeira.
No domingo (23), Letícia publicou um texto em redes sociais pedindo ajuda e relatando a dificuldade para trazer o corpo. “Quero trazer o pai dos meus filhos para casa”, escreveu.
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Conflito sem fim à vista
Daniel morreu enquanto o conflito entre Rússia e Ucrânia se aproxima de três anos. No último sábado (22), Kiev anunciou um período de consultas com aliados sobre um possível acordo de paz.
O movimento ocorreu após pressão dos Estados Unidos para que o presidente Volodymyr Zelensky analisasse uma proposta que prevê a cessão das regiões de Donetsk, Luhansk e da Crimeia.
