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    Bunker do tráfico: facções usam escolas e igrejas como bases do crime

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    Centrados em despistar investigações, proteger armamento bélico e garantir a própria segurança, as facções fluminenses têm usado estabelecimentos públicos para viabilizar a prática de seus crimes.

    A ocupação de escolas, creches e até igrejas é também uma medida implementada para usar inocentes como escudo nos embates com a polícia.

    Operações da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) têm revelado diversos bunkers em áreas públicas.

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    A coluna reuniu três casos em que a audácia dos criminosos ficou evidente e lançou luz a esse movimento adotado tanto pelo Comando Vermelho (CV) quanto pelo Terceiro Comando Puro (TCP), grupos criminosos rivais.

    Escola vira “porão” do CV

    Em mais uma fase da Operação Contenção, a Polícia Civil encontrou, no último dia 19, um bunker do tráfico dentro de uma escola na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio.

    Na ação policial, dois fuzis, uma pistola e grande quantidade de drogas foram apreendidos.

    O material, pertencente ao Comando Vermelho (CV), estava escondido em uma das salas da unidade de educação.

    A Escola Municipal Joaquim Edson de Camargo funciona diariamente e recebe crianças e adolescentes.

    De acordo com nota oficial publicada pela Secretaria Municipal de Educação, a maconha, cocaína e crack foram encontrados em uma área da instituição que estava desativada.

     

    Igreja convertida em depósito do TCP

    Facção criminosa integrada por indivíduos que se autointitulam evangélicos e “soldados de Jesus”, o grupo Terceiro Comando Puro (TCP), chefiado por Álvaro Malaquias Santa Rosa (foto em destaque), mais conhecido como Peixão, usa igrejas como depósito de drogas e equipamentos bélicos, além de casamata para efetuar disparos contra policiais.

    Em junho deste ano, a coluna noticiou que uma falsa igreja, construída no Complexo de Israel, foi usada pelos traficantes como base operacional do crime.

    Conforme a Polícia Civil já revelou em outras ocasiões, esses criminosos utilizam sedes de projetos sociais, como Organizações Não Governamentais (ONGs), igrejas e escolas como meio de proteção.

    A igreja foi demolida, mas antes passou por uma averiguação minuciosa dos investigadores.

    Nas paredes, foram encontradas diversas seteiras que davam acesso a uma visão de 370 graus da comunidade.

    Com o armamento posicionado nos buracos, os criminosos disparavam contra os policiais quando notavam a chegada das forças de segurança.

     

    Bunker ao lado de creche

    A coluna apurou, com exclusividade, que os criminosos alvo de uma operação emergencial deflagrada pela Polícia Civil nessa quarta-feira (16/11) mantinham um bunker em uma residência localizada ao lado de uma creche no Complexo da Maré.

    Conforme apontado pela polícia, os grupos costumam se instalar em lugares previamente analisados justamente para embaraçar o trabalho da polícia, que, diante de uma creche frequentada por crianças, tende a evitar uma operação com tiroteios.

    Nessa mesma ação, uma criança de 12 anos foi baleada quando brincava no pátio de uma escola ao lado de seus colegas.