Quem acorda cedo, junto com os primeiros raios solares, pode estar acostumado a ouvir o canto dos pássaros como um despertador natural. Em estudo realizado com tentilhões-zebra (Taeniopygia guttata), pesquisadores descobriram que a intensidade da cantoria pode estar relacionada com a expectativa das aves em relação ao nascimento do Sol.
Os resultados do estudo feito com animais em cativeiro foram publicados no fim de setembro, em versão pré-print no bioRxiv. A pesquisa foi liderada pelo biólogo Ednei Barros dos Santos, do Instituto Coreano de Pesquisa Cerebral, na Coreia do Sul.
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Para simular o dia e a noite, o laboratório em quem os tentilhões ficavam intercalava entre momentos de boa iluminação e escuridão total. Com luminosidade, os pássaros cantavam. Na escuridão, nem um “pio”. Foi assim que os cientistas perceberam que a luz influencia diretamente o coro.
Durante outro teste, algo mais curioso aconteceu: quanto mais a simulação do nascer do Sol atrasava, mais a altura do canto se intensificava. Era como se as aves ficassem impacientes quando a luz solar não chegava junto ao despertar delas. Mesmo na escuridão, os tentilhões se movimentavam ativamente e cantavam alto.
A irritação foi confirmada em mais um teste. Os pesquisadores adicionaram um interruptor de luz nos locais em que o amanhecer chegava tarde. Frequentemente, os animais acendiam a luz, fato que não ocorreu onde o raiar do dia chegava mais cedo.
“Os pássaros acordam no escuro, muito antes do amanhecer, provavelmente por meio de mecanismos hormonais associados à melatonina. Seu desejo para cantar aumenta mesmo com a escuridão”, explicam os autores do estudo.
De acordo com os pesquisadores, o canto matinal aquece a voz das aves após o descanso noturno, auxiliando o mecanismo de atração reprodutiva delas. “Essas descobertas fornecem explicações mecanísticas e funcionais do porquê pássaros cantam pela manhã”, ressaltam.
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