Pesquisas revelam que até pequenas doses de movimento, como caminhar por alguns minutos, podem reduzir o risco de doenças cardíacas e morte precoce em mulheres mais velhas. Especialistas reforçam que o importante é se manter em movimento, como for possível.
Leia também
-
11 fontes de probióticos que ajudam a diminuir a gordura no fígado
-
O que acontece com o estômago quando você janta muito tarde
-
Gordura no fígado: saiba sinais que exigem atenção e como se prevenir
-
Descubra fruta que ajuda a equilibrar o intestino e a controlar o peso
Nem 10 mil, nem 7 mil: 4 mil já fazem diferença
Durante anos, a meta dos 10 mil passos diários foi quase uma regra para quem buscava saúde e longevidade. Mas um novo estudo publicado no British Journal of Sports Medicine mostra que bem menos pode ser suficiente, especialmente para mulheres acima dos 60 anos.
A pesquisa acompanhou mais de 13 mil mulheres com idade média de 72 anos e descobriu que dar 4 mil passos em apenas um ou dois dias da semana já estava associado a 27% menos risco de doenças cardíacas e 26% menor risco de morte precoce.
A constatação surpreende: não é preciso se exercitar todos os dias para ter ganhos reais. Pesquisadores envolvidos no estudo afirmaram que não é necessário se exercitar todos os dias, desde que se mantenha em movimento com certa frequência.

O movimento é o segredo, não a meta
O estudo foi conduzido por pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital e da Harvard T.H. Chan School of Public Health, sob liderança do médico Rikuta Hamaya, e acompanhou as voluntárias por 11 anos.
Os resultados mostraram que mulheres que atingiam a marca de 4 mil passos em três ou mais dias chegaram a reduzir o risco de morte em 40% e, a partir daí, os benefícios pareciam se estabilizar.
Para Hamaya, o ponto principal é abandonar a ideia de perfeição e focar na constância:
“O mais relevante é o volume total de movimento, não se ele acontece todos os dias. O foco deve ser mover-se mais, de forma sustentável.”
Ou seja, o que conta é o conjunto da obra. Cada passo, mesmo que dentro de casa, tem valor.
“O coração gosta de movimento, não de sedentarismo”



O segredo é manter a constância
Getty Images
Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres no Brasil
Getty Images
Quatro mil passos são cerca de 30 a 40 minutos de caminhada leve a moderada
Getty Images
É importante respeitar o corpo, mas nunca deixar de se movimentar
Getty Images
Qualquer movimento conta
Getty Images
O educador físico Randy Duarte reforça que a ciência vem comprovando há anos o poder da caminhada sobre a saúde cardiovascular:
“A partir de 7 a 8 mil passos por dia já vemos uma boa melhora na saúde do coração. Mas esse estudo mostra algo muito positivo: qualquer movimento conta. Mesmo 4 mil passos duas vezes por semana já ativam o corpo e fazem o coração trabalhar melhor. O segredo é começar de onde você está e manter a constância.”
Segundo Duarte, quatro mil passos equivalem a 30 a 40 minutos de caminhada leve a moderada, que pode ser fracionada ao longo do dia.
“Não precisa ser tudo de uma vez. Levantar, se mover e somar movimento já faz diferença.”
Por que o impacto é tão grande nas mulheres mais velhas
Com o passar dos anos, o corpo feminino passa por mudanças hormonais e metabólicas que afetam o sistema cardiovascular, especialmente após a menopausa. Segundo Duarte, esse público tende a se beneficiar muito do exercício regular:
“A caminhada ajuda a fortalecer ossos, músculos e o coração, além de manter o metabolismo ativo. É preciso respeitar os limites do corpo, mas nunca parar de se movimentar. O segredo está no equilíbrio entre proteção e estímulo.”
Mais de 60 milhões de mulheres nos Estados Unidos vivem com algum tipo de doença cardíaca. No Brasil, os números também chamam atenção:
- As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre mulheres, segundo o Ministério da Saúde.
- A hipertensão atinge 26,4% das brasileiras, contra 21,1% dos homens, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (2019).
- O estudo Global Burden of Disease indica que a prevalência de insuficiência cardíaca é maior entre mulheres do que entre homens.

Esses dados reforçam um ponto levantado por Duarte:
“Muitas mulheres não reconhecem os sinais de alerta das doenças cardíacas, que nelas costumam ser mais sutis. Além disso, há pouca conscientização e acesso limitado a exames e acompanhamento regular.”
Começar pequeno é o melhor começo
Para quem quer sair do sedentarismo, Duarte recomenda começar devagar, mas com regularidade:
“Caminhadas leves de 10 a 20 minutos, três a cinco vezes por semana, já são um ótimo ponto de partida. O ideal é aumentar o tempo gradualmente, incluir alongamentos e exercícios simples de força. O foco deve ser a regularidade, não a intensidade.”
O educador lembra que mesmo pequenas doses de movimento funcionam como “gatilhos metabólicos”: ativam a circulação, reduzem inflamações e melhoram a sensibilidade à insulina.
“Mas o corpo precisa de frequência para manter esses mecanismos em ação.”
Nunca é tarde para recomeçar
A mensagem final é de incentivo. “Nunca é tarde para começar”, diz Duarte.

O corpo tem uma capacidade incrível de responder positivamente ao movimento em qualquer idade. Mesmo uma caminhada curta já melhora o coração, a mente e a autoestima.
Randy Duarte
Em resumo, o novo estudo reforça o que especialistas e cardiologistas vêm dizendo: não existe movimento pequeno quando o assunto é saúde do coração. Caminhar, subir escadas, cuidar do jardim — tudo conta.
E se 4 mil passos uma ou duas vezes por semana já ajudam, imagine o que pode acontecer quando esse hábito vira parte da sua rotina.




