Começou nesta sexta-feira (7/11) a redução do tráfego aéreo dos Estados Unidos, como consequência direta da paralisação governamental mais longa da história do país. Os 40 maiores aeroportos foram atingidos e centenas de voos já foram cancelados.
A redução do tráfego aéreo teve início no momento em que o shutdown do governo entra no 38º dia. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) decretou a paralisação de 4% das operações de aeroportos. Caso o shutdown do governo continue, aumentará também a quantidade de voos cancelados, com as operações sendo reduzidas em 10% até a próxima sexta-feira (14/11).
A paralisação não atinge voos internacionais, como os que saem do Brasil para cidades norte-americanas. No entanto, caso um turista brasileiro precise fazer escala entre aeroportos nos EUA, há chance de enfrentar problemas nas próximas semanas.
As quatro maiores companhias aéreas dos EUA — Delta Air Lines, United Airlines, American Airlines e Southwest Airlines — anunciaram o cancelamento preventivo de centenas de voos programados para este fim de semana. A redução afetará tanto o tráfego de cargas, quanto voos particulares e de passageiros.
“Estamos observando sinais de sobrecarga no sistema, por isso estamos reduzindo proativamente o número de voos para garantir que o povo americano continue voando com segurança”, informou o administrador da FAA, Bryan Bedford, em comunicado do Departamento de Transportes.
Entenda a redução do tráfego aéreo
Por conta do shutdown, as equipes de tráfego aéreo foram reduzidas, e quem segue trabalhando não está sendo pago.
Os representantes da Casa Branca informaram que a decisão é uma medida preventiva para garantir que o tráfego aéreo ocorra com segurança. De acordo com Bedford, a FAA passou a receber reclamações de que controladores de voo estavam trabalhando até a fadiga.
“À medida que analisamos os dados com mais detalhes, vemos pressões se acumulando de uma forma que, se permitirmos que continuem sem controle, não nos permitirá afirmar ao público que operamos o sistema de aviação mais seguro do mundo”, disse Bedford.
Shutdown mais longo da história
O shutdown do governo dos Estados Unidos entrou, nesta sexta-feira (7/11), no 38º dia consecutivo. O impasse entre o presidente Donald Trump e o Congresso afeta milhões de cidadãos, paralisa programas federais e ameaça o ritmo da economia da maior potência do mundo.
Sem avanço nas negociações, republicanos e democratas seguem trocando acusações. A disputa, centrada no orçamento e em questões ligadas ao sistema de saúde e benefícios sociais, expôs mais uma vez o profundo bloqueio político em Washington.
Linha do tempo da crise
- A paralisação começou em 1º de outubro, após o Congresso falhar em aprovar o orçamento federal. No dia seguinte, a Casa Branca iniciou cortes de pessoal em diversas agências governamentais.
- Em 10 de outubro, Donald Trump declarou pretender “demitir muitos” servidores que, segundo ele, estariam alinhados ao Partido Democrata.
- Mesmo após uma decisão judicial suspender novas demissões, o governo manteve o plano de enxugamento e indicou que os desligamentos poderiam chegar a 10 mil funcionários caso o impasse persistisse.
Mais de 1 milhão de funcionários sem salário
Com a paralisação já ultrapassando o recorde anterior — também sob o governo Trump —, mais de um milhão de servidores federais continuam sem receber. Parte deles é obrigada a comparecer ao trabalho, enquanto outros foram colocados em licença não remunerada, sem qualquer previsão de retorno.
Embora uma lei determine o pagamento retroativo após o fim do shutdown, o governo norte-americano ainda não confirmou se aplicará a regra nesta nova crise. Os trabalhadores terceirizados, como faxineiros de museus e motoristas contratados, não têm sequer essa garantia.
