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    Cientistas criam proteína com urina para servir de alimento no espaço

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    Viajar ao espaço não é tarefa fácil: além de enfrentar condições extremas, os astronautas têm dificuldade até para se alimentar com mais opções nutritivas. Pensando nisso, pesquisadores europeus criaram um pó de proteína feito de ar, água, eletricidade e a urina dos tripulantes, fermentado por microrganismos. A fase de testes da tecnologia começou no início de novembro.

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    Batizado de HOBI-WAN (bactérias oxidantes de hidrogênio em ausência de peso como fonte de nutrição, na tradução em portugês), o projeto é uma parceria entre a empresa alemã OHB System AG e a empresa finlandesa Solar Foods. O plano está sendo financiado pela Agência Espacial Europeia (ESA).

    Com o objetivo de não utilizar nada de origem vegetal e animal na composição, a entidade finlandesa já havia criado o Solein aqui na Terra. No entanto, o objetivo atual é adaptar a produção para funcionar também no espaço.

    A primeira etapa de testes está sendo realizada em ambiente controlado na Terra e deverá durar oito meses. Sem maiores intercorrências, ele será fabricado e levado até a Estação Espacial Internacional para que os pesquisadores observem como o pó reage às condições de microgravidade do espaço.

    “Este projeto visa desenvolver um recurso fundamental que nos permitirá melhorar a autonomia, a resiliência e o bem-estar dos nossos astronautas nos voos espaciais tripulados”, afirma a cientista-chefe de exploração da ESA, Angelique Van Ombergen, em comunicado.

    Como funciona a proteína de urina

    Para criar a proteína, microrganismos são colocados dentro de biorreatores para se alimentar de dióxido de carbono, hidrogênio e nitrogênio. No espaço, os elementos são obtidos por meio do ar e da ureia da urina dos astronautas. Através da fermentação, os compostos se transformam em moléculas proteicas e viram um pó amarelo de sabor neutro.

    O produto pode ser uma alternativa à carne e servir para cozinhar macarrão e até sorvete. Além de ajudar na alimentação de astronautas, o produto pode ter outras funções na Terra.

    “Estamos explorando como apoiar a vida humana no espaço de forma sustentável. Os conhecimentos que obtivermos aqui também poderão ajudar a enfrentar desafios globais na Terra – como a escassez de recursos e a segurança alimentar. Temos orgulho de contribuir com nossa expertise para um projeto que conecta a inovação espacial à sustentabilidade planetária”, explica o gerente do projeto, Jürgen Kempf.

    Caso seja aprovada, a proteína será mais uma opção no cardapio à bordo das naves espaciais.

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