“O Hemisfério Ocidental deixou de ser um porto seguro para narcoterroristas que trazem drogas para nossas costas com o objetivo de envenenar os americanos.”
“Não se trata apenas de traficantes de drogas — são narcoterroristas trazendo morte e destruição às nossas cidades”.
“Foram mais de 60 dias de planejamento. […] É uma operação do Estado contra narcoterroristas.”
As duas primeiras afirmações são do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hesketh, ao detalhar ataques aéreos americanos a embarcações no mar do Caribe e no Pacífico, suspeitas de traficarem drogas para o seu país.
A terceira é do governador Cláudio Castro, do Rio, sobre a operação policial no complexo do Alemão e da Penha, Zona Norte da cidade, que resultou na morte por emboscada de 121 pessoas, entre bandidos do Comando Vermelho, suspeitos e inocentes.
E quem disse em mensagem postada em inglês no X, endereçada ao secretário Hesketh?
“Ouvi dizer que há barcos como este aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”
Foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Zero Um você sabe de quem, que como deputado estadual condecorou milicianos e embolsou parte do salário de funcionários do seu gabinete – o famoso esquema da rachadinha.
Relatório médico de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), mostra que Bolsonaro, pai, foi o responsável por indicá-lo para atendimento na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação em 2009, quando o ex-policial militar foi alvo de um atentado.
Tudo boa gente, como se vê.
É possível que Flávio também tenha ouvido dizer que Castro, aspirante a candidato a senador nas próximas eleições, está há pelo menos seis meses em campanha junto a Donald Trump para que os Estados Unidos declarem o Comando Vermelho organização narcoterrorista, sujeita a sanções.
No documento sob o título “Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas listas de sanções e designações dos EUA”, obtido pela jornalista Malu Gaspar e enviado ao governo Trump em janeiro último, Castro argumenta:
“A crescente sofisticação, transnacionalidade e brutalidade do Comando Vermelho colocam esta organização dentro dos critérios estabelecidos pelas autoridades dos EUA para sanções econômicas, designações terroristas e bloqueio de ativos”.
O governo Lula, segundo Malu Gaspar, se opõe a essa classificação porque teme que abra espaço não só para algum tipo de sanção contra empresas e bancos ou mesmo contra a União. Se isso acontecer, poderia justificar uma ação mais invasiva dos Estados Unidos sobre o território brasileiro a pretexto de combater o narco-terrorismo, como vem ocorrendo com a Venezuela.
É o que deseja Castro e os governadores de direita que se autodenominam de “Consórcio da Paz”. O nome certo seria “Consórcio da Guerra”. Não só para combater o crime organizado, mas também para tentar derrotar Lula em 2026.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Zero Três, licenciou-se do mandato e mudou-se para os Estados Unidos com a pretensão de salvar seu pai. Por lá, advogou contra os interesses do seu país. Festejou o tarifaço de Trump sobre produtos brasileiros.
Castro e os que o apoiam seguem o exemplo de Eduardo.
