Nas próximas semanas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá indicar dois nomes para compor a diretoria do Banco Central (BC). Os indicados ocuparão os postos dos diretores Renato Dias de Brito Gomes, da Organização do Sistema Financeiro, e Diogo Abry Guillen, da Política Econômica, que deixam os cargos em 31 de dezembro.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, e os oito diretores da autoridade monetária formam o Comitê de Política Monetária (Copom), que define a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Lula já havia indicado sete nomes do comitê, e agora vai substituir os dois últimos, escolhidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os nomes escolhidos pelo presidente precisam ser aprovados em sabatina no Senado Federal. A lei da autonomia do BC estipula mandatos fixos de quatro anos para todos os membros da diretoria.
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No entanto, mesmo com maioria no colegiado, a taxa de juros no Brasil segue em patamares restritivos, fato que incomoda o governo Lula, já que impacta diretamente na vida dos brasileiros e pode afetar na popularidade do presidente.
Na última quarta-feira (5/11), a Selic foi mantida em 15% ao ano, com um comunicado apostando que esse nível de juros deve se manter por um período “bastante prolongado”.
O anúncio da manutenção da taxa já era aguardado pelo mercado financeiro, apesar disso, o que preocupou os agentes e o governo foi o tom utilizado no comunicado, anunciando que o inicio do corte de juros pode demorar mais para chegar.
O formato mais duro do anúncio fez com que economistas mudassem as projeções sobre quando o BC vai começar a cortar os juros, passando do começo de 2026 para março ou abril do próximo ano.
A decisão do colegiado pode influenciar Lula a indicar um nome mais moderado para as vagas nas diretorias, com uma postura mais “dovish“, termo utilizado no mercado para um direcionamento mais flexível, que tende a priorizar juros mais baixos.
Apesar das indicações do presidente, é importante destacar que a autoridade monetária é uma instituição técnica e independente, permitindo que as decisões sejam tomadas de acordo com o cenário observado.
Cobrança pela diminuição da taxa de juros
Com o objetivo de trazer a inflação para a meta, fixada em 3%, o Copom manteve um consistente ciclo de aperto monetário, levando a Selic ao maior patamar desde 2006.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, que também foi indicado por Lula, já afirmou que o fisco está “bastante incomodado” com a atual taxa de juros, no entanto, de acordo com ele, os diretores farão o que for necessário para ancorar as expectativas, mesmo que isso signifique manter um ciclo de restrição monetária.
A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, o teto da meta é 4,5%. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação chegou a 5,17% no acumulado de 12 meses no mês de setembro.
Apesar do detalhamento do BC sobre as condições que favorecem a alta dos juros, como a desancoragem das expectativas de inflação, a alta dos preços e o aquecimento do mercado, o presidente Lula e a equipe econômica dele, cobraram que a autoridade monetária corte juros.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, já afirmou que, se fosse diretor do BC, votaria pela diminuição da taxa. Em outro momento, o ministro declarou que tem medo que a “dose do remédio vire veneno”, fazendo analogia a necessidade de conter a inflação sem prejudicar o crescimento econômico do país.



Yanka Romão/Arte Metrópoles
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Confira os integrantes do BC indicados por Lula:
- Gabriel Galípolo – presidente do Banco Central;
- Ailton Aquino – diretor de Fiscalização;
- Gilneu Vivan – diretor de Regulação;
- Izabela Moreira Correa – diretora de Cidadania e Supervisão de Conduta;
- Nilton David – diretor de Política Monetária;
- Paulo Picchetti – diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos;
- Rodrigo Alves Teixeira – diretor de Administração.



