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Como é a obra de R$ 70 milhões que vai mudar Viaduto do Chá e entorno

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Como é a obra de R$ 70 milhões que vai mudar Viaduto do Chá e entorno

Uma obra estimada em R$ 70 milhões deve mudar o visual do Viaduto do Chá, da Praça do Patriarca e do entorno do Theatro Municipal nos próximos anos. O projeto, que deve ser licitado em breve pela gestão Ricardo Nunes (MDB), teve seu valor ajustado mais de uma vez e tem gerado polêmica por causa de algumas das mudanças previstas.

Entre as novidades estão a troca das pedras portuguesas da região por piso de granito; o deslocamento das bancas de jornal para a parte de trás do Theatro Municipal; e a transferência da estátua de José Bonifácio para o centro da Praça do Patriarca.

Um envidraçamento que fecharia a marquise do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, previsto inicialmente pela prefeitura, foi suspenso após decisão contrária do Condephaat. Uma nova opção para o fechamento da entrada da galeria Prestes Maia, no lugar das atuais grades do espaço, ainda está em discussão.

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Pedras portuguesas serão trocadas por piso de granito das cores vermelho e cinza

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Bondinho desativado será ponto de informações turísticas

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Projeto prevê instalar ponto de ônibus no Viaduto do Chá

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Vista aérea de projeto da Prefeitura para a Praça do Patriarca

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Piso na fachada da Prefeitura também será renovado

Reprodução

À frente do projeto dentro da Prefeitura de São Paulo, o secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, diz que o plano para a região é mais uma das fase de obras no centro histórico da cidade e surgiu após uma inspeção detectar a necessidade de reforma do Viaduto do Chá.

“Foram identificados problemas estruturais, principalmente de infiltração. Se a gente deixar, ao longo do tempo vai se deteriorando cada vez mais”, afirma ele.

O Viaduto do Chá carrega uma importante relação com a história da capital paulista. A primeira versão nasceu ainda no século XIX, com estruturas metálicas, idealizada pelo francês Jules Martin com o objetivo de facilitar o deslocamento entre o hoje chamado centro histórico e o outro lado da cidade, que se expandia à oeste.

A versão atual da estrutura, feita em 1939, surgiu em meio a uma intensa circulação de veículos e pessoas na região, e usou o concreto como matéria-prima.

Curiosidades sobre o Viaduto do Chá

Na proposta da Prefeitura de São Paulo para o local, as calçadas do viaduto receberão piso de granito nas cores vermelho e cinza. Marcos diz que a retirada das pedras vai “aliviar” o que ele chama de carregamento de materiais em cima do viaduto e facilitar a manutenção.

“A mão de obra disponível para reassentamento de pedra portuguesa hoje é muito especializada e, em geral, a gente tem muita dificuldade de conseguir”, explica o secretário.

Segundo ele, a previsão é de que a reforma também solucione os problemas de infiltração na Galeria Prestes Maia, que são alvo de reclamações da concessionária responsável pelo espaço, a mesma que administra o Vale do Anhangabaú.

A galeria é uma passagem subterrânea de pedestres que liga a Praça do Patriarca ao Anhangabaú. No passado, o espaço já foi utilizado até como uma filial do Masp, mas hoje, apesar de aberto, não conta com programação cultural frequente.

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Outras mudanças previstas na obra são a instalação de um ponto de ônibus em cima do viaduto e de um bondinho desativado, em frente ao Shopping Light. O bondinho será utilizado como ponto de informações turísticas, próximo ao lugar onde hoje está uma banca de jornal.

Um recuo para o embarque e desembarque de passageiros será instalado na entrada do shopping — um pedido do próprio centro comercial por causa da movimentação de carros de aplicativo na região, segundo a prefeitura.

A banca ao lado do shopping, assim como a que fica de frente para o Theatro Municipal, será levada para a rua de trás — uma base da Guarda Civil Metropolitana (GCM) substituirá a banca. A informação desagradou jornaleiros com quem o Metrópoles conversou. O calçamento da Praça Ramos de Azevedo também será trocado.

Praça do Patriarca no foco

Na outra ponta do viaduto, a Praça do Patriarca será foco de uma série de intervenções. O lugar é onde fica a Igreja Santo Antônio, tombada como patrimônio histórico e uma das mais antigas da cidade.

Ali, a obra prevê reforma do piso, mantendo os desenhos dos mosaicos atuais na área central e nas laterais dos edifícios. No centro da Praça, uma nova opção de fechamento da Galeria Prestes Maia, sob a marquise do premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ainda está em aberto e guarda a maior polêmica do projeto.

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Imagens, de 2002, mostram marquise do arquiteto Paulo Mendes da Rocha e circulação de pessoas no local

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Fotógrafo Nelson Kon fez série sobre a Praça do Patriarca

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Pessoas na Praça do Patriarca reformada em 2002

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Praça do Patriarca

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Vista da marquise da Praça do Patriarca em 2002

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Fotografia que ilustra cartão postal doado para o Arquivo Nacional por Mario Prugner em 1931 mostra Viaduto do Chá no século XX

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Praça do Patriarca em uma de suas várias aparências, no século XX. Local sofreu uma série de reformas com o tempo

Benedito J. Duarte / Acervo Museu da Cidade de São Paulo

Desde que foi instalada, durante uma reforma na gestão Marta Suplicy (PT), a marquise é alvo de debates. Alguns dizem que ela não permite a visão ampla do centro novo para quem está ao fundo da praça. Mais de uma vez, houve quem sugerisse transferir a obra para outro local.

Em julho deste ano, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que havia uma ideia de que a marquise “poderia ir para um local com mais visibilidade”, mas que isso dependeria da consulta a familiares do arquiteto. A família, no entanto, logo se posicionou contra.

A prefeitura, então, apresentou um projeto de envidraçamento no entorno da entrada da galeria, igualmente criticado pela família e também por arquitetos por interferir diretamente na obra. Filho do autor da marquise, Pedro Mendes da Rocha defendeu, em entrevista ao Metrópoles, que a obra do pai seja mantida onde está e sem interferências.

Ele, que também é arquiteto, diz que se posicionar contra as mudanças não é uma questão que cabe ou não à família exclusivamente, mas que as sugestões propostas pela prefeitura são “estapafúrdias”. “A marquise já está incorporada à cidade, já está na história da arquitetura, tem referências internacionais deste trabalho”, afirma.

No início de novembro, o Condephaat também se posicionou contra a ideia de fechar com vidro a entrada da galeria e ofereceu outra opção.

“Como alternativa, sugerimos a adoção de um fechamento horizontal retrátil no gradil já existente, por exemplo. Dessa forma, não teria novos bloqueios visuais e haveria a reabertura do acesso quando necessário”, diz o conselho.

“Essa é a proposta que menos interfere na integridade da obra”, fala Pedro, ressaltando que o fechamento retrátil também precisará ser “cuidadosamente planejado”.

O secretário diz que a prefeitura vai analisar a sugestão do Condephaat para apresentar um modelo final ao projeto. A expectativa é que o novo desenho seja enviado ainda este ano.

A gestão também prevê lançar a licitação neste ano, com anúncio dos vencedores até maio de 2026. A previsão é que a obra dure 18 meses. Os gastos iniciais previstos eram de R$ 58 milhões. Agora, mais próximo da data da licitação, e com mais levantamentos sobre a obra concluídos, a estimativa cresceu para R$ 70 milhões.

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