A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) informou na última segunda-feira (10/11) que a região das Américas perdeu o status de área livre da transmissão endêmica do sarampo. A decisão foi tomada após a constatação de que o vírus voltou a circular continuamente no Canadá por pelo menos 12 meses.
A perda do certificado é um visto como um retrocesso para o continente, que havia se tornado a primeira região do mundo a eliminar o sarampo duas vezes.
O diretor da Opas, Jarbas Barbosa, esclareceu que a perda é reversível e que a região já demonstrou capacidade de interromper a transmissão no passado. Segundo ele, a eliminação pode ser retomada com o reforço das campanhas de vacinação, da vigilância ativa e da cooperação regional.
De acordo com a Opas, embora o vírus tenha voltado a circular de forma endêmica no Canadá, os demais países das Américas continuam mantendo o status de eliminação. É o caso do Brasil, que teve a certificação reconquistada em novembro de 2024.
O que é o sarampo?
- O sarampo é uma doença altamente contagiosa e o vírus pode sobreviver no ar por até 24 horas, sendo muito mais transmissível que outros vírus como o da gripe e o da Covid-19.
- Ele pode causar complicações graves como pneumonia e encefalite — a inflamação do cérebro —, especialmente em crianças menores de 5 anos, sendo potencialmente fatal.
- A vacina tríplice viral é a principal forma de prevenção. Deve ser aplicada nos bebês em duas doses, aos 12 e 15 meses de idade.
- Em casos de surtos, o Ministério da Saúde recomenda uma dose da vacina para crianças a partir dos 6 meses de idade e também a revacinação de adultos.
Mais de 12 mil casos em dez países
Até 7 de novembro de 2025, foram confirmados 12.596 casos de sarampo em dez países, sendo 95% concentrados no Canadá, México e Estados Unidos. O número representa um aumento de 30 vezes em relação a 2024. Foram registradas 28 mortes, a maioria no México.
Atualmente, há surtos ativos em Canadá, México, Estados Unidos, Bolívia, Brasil, Paraguai e Belize. Em grande parte, eles começaram após a chegada de casos importados e têm atingido principalmente comunidades com baixa cobertura vacinal. Cerca de 89% das pessoas infectadas não foram vacinadas ou têm situação vacinal desconhecida.
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Crianças menores de 1 ano estão entre as mais afetadas, seguidas pelas de 1 a 4 anos. O sarampo é uma das doenças mais contagiosas que existem, e uma pessoa infectada pode transmiti-lo a até 18 outras. As complicações incluem pneumonia, encefalite, cegueira e até a morte.
Queda na vacinação preocupa
A Opas alerta que a baixa cobertura vacinal é o principal fator que favorece o retorno da doença. Em 2024, a cobertura regional da segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, foi de 79%, abaixo dos 95% recomendados para evitar surtos. Apenas 31% dos países atingiram a meta para a primeira dose, e 20% para a segunda.
A organização ressaltou que a vacina é segura e eficaz e evitou mais de 6 milhões de mortes nas Américas nos últimos 25 anos. “Enquanto o sarampo não for eliminado em nível mundial, nossa região continuará enfrentando o risco de reintrodução e disseminação do vírus entre populações não vacinadas”, alertou Jarbas Barbosa, em comunicado.
A Opas está apoiando os países na intensificação da vigilância, do diagnóstico laboratorial e das campanhas de vacinação. A Comissão Regional de Verificação recomenda que os países ampliem o registro eletrônico de vacinação, reforcem as equipes de vigilância e mantenham recursos adequados para resposta rápida a surtos.
Para recuperar o status de eliminação, um país deve comprovar a interrupção da transmissão endêmica por pelo menos 12 meses consecutivos. O Canadá já se comprometeu a apresentar um plano de ação com foco no aumento da cobertura vacinal e na contenção dos surtos.
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