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    Coreografia do caos: como funcionava o rolê ilegal de Meno Kabrinha

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    Os “rolezinhos” que consagraram Meno Kabrinha como um influenciador popular, e que também o colocaram na mira da polícia, não eram encontros improvisados. Eram eventos planejados, divulgados abertamente em seus perfis nas redes sociais e seguidos por uma multidão de motociclistas que tratavam as avenidas de São Paulo como pistas particulares.
    
    Kabrinha, ou Gustavo Henrique Ramos Silva, 20 anos, acumulou 4,8 milhões de seguidores no Instagram ao mostrar manobras arriscadas, empinar motos, pilotar sem capacete, com cinco pessoas em cima do veículo, na contramão, em alta velocidade.

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    A prisão do influenciador ocorreu durante uma ação da Polícia Civil de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (27/11), que mirou um grupo com o qual ele circulava aos domingos.

    Segundo apuração da coluna, os encontros se deslocavam em comboio até o bairro Tatuapé, reunindo dezenas de jovens em motos sem placa, sem equipamentos de segurança e, em vários casos, roubadas.

    A coreografia do caos

    Nos vídeos recuperados pela polícia, os “rolês” seguem quase um roteiro. Primeiro, o ponto de encontro, geralmente uma avenida larga na Zona Norte ou na Zona Leste. Depois, os motociclistas se alinham, aceleram e partem para bloqueios que fecham totalmente as vias.

    É possível ver Kabrinha fazendo manobras, empinando a moto com uma única roda no chão enquanto o grupo o acompanha. Em outro vídeo, o influenciador aparece usando um cone de trânsito na cabeça.

    A Polícia Civil apreendeu cerca de 50 motos e veículos de luxo, entre eles um Porsche.

    De adolescente viral a alvo de operações policiais

    A ascensão de Meno Kabrinha nas redes começou cedo, ainda menor de idade, daí o apelido “Meno”. O padrão sempre foi o mesmo, vídeos de alto risco, estética de ostentação e manobras quase sempre ilegais.

    Ele também se aproximou de influenciadores ligados a investigações federais, como Buzeira, denunciado pela Polícia Federal (PF) na Operação Narco Bet, que apura lavagem de dinheiro oriunda do tráfico internacional de drogas. Nas redes, os dois aparecem juntos em encontros automobilísticos e eventos de luxo.

    A Polícia Civil de São Paulo afirma que o grupo frequentado por Kabrinha vinha sendo monitorado havia meses.