Nos arredores da Casa Branca… Ou melhor: nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, diz-se que Tarcísio de Freitas prefere ser candidato à reeleição, e não à Presidência da República. Não é jogada para sair da linha de tiro dos seus adversários. É o que ele pensa de verdade.
Tarcísio tem cabeça de militar e de gestor. De militar porque foi no Exército que ele se formou em engenharia. De gestor, porque foi como tal que se destacou ao ocupar cargos na administração pública. Serviu, por exemplo, ao governo da presidente Dilma Rousseff, do PT, como serviu mais tarde ao governo de Bolsonaro.
Por sinal, os dois, Bolsonaro e Tarcísio, saíram do Exército com a patente de capitão. A de Tarcísio por mérito. A de Bolsonaro por conveniência das duas partes. O Exército quis livrar-se de um sujeito capaz de fazer tudo por dinheiro, até planejar atentados terroristas. Bolsonaro topou sair com o soldo de capitão.
Foi Bolsonaro quem convenceu Tarcísio a se candidatar ao governo de São Paulo, algo jamais imaginado por ele que nunca disputou eleição para síndico de condomínio. Com toda razão, Tarcísio sente-se devedor a Bolsonaro. É sincero quando se lembra disso. Aprendeu que não se abandona um amigo ferido.
O militar e o gestor que existem em Tarcísio o aconselham a não se apressar. Por ambiciosos, os principais projetos de Tarcísio em São Paulo estão inclusos e não haverá tempo de terminá-los a não ser em um segundo mandato. Bolsonaro, mesmo preso, seguirá sendo o maior líder da direita. Cabe a Tarcísio respeitar suas ordens.
E ele obedecerá gostem ou não seus admiradores, o mercado financeiro, os empresários dispostos a financiar sua campanha, a imprensa que não engole Lula e que sonha com sua derrota. De resto, é compreensível que Tarcísio tema as oscilações de humor de Bolsonaro. E se ele o apoiar e depois fraquejar?
E se Dudu Tarifaço, durante a campanha, disparar contra Tarcísio? “Estou me lixando se falarem que divido a direita”, repetiu, ontem, Dudu. Tarcísio observa essas coisas ao mesmo tempo em que se preocupa com o arrastão dos que tentam empurrá-lo na direção de onde ele não quer ir. Resistirá a tanta pressão?
Por ora, nem ele tem a resposta.
