Uma nova ordem interna do Comando Vermelho (CV) determinou que nenhum dos seus integrantes poderá publicar fotos ou vídeos exibindo armas, drogas ou qualquer material ligado ao crime nas redes sociais. A proibição vale para todas as áreas dominadas pela facção no estado do Rio de Janeiro, ultrapassando a marca de mil comunidades.
O comunicado, divulgado entre os integrantes da facção, é taxativo: “Está proibida a postagem de vídeos em todas as áreas do Comando Vermelho — L.R.L.J.U. Obs.: vídeos de armas, bancas de drogas ou qualquer situação relacionada ao crime”.
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O acrônimo L.R.L.J.U., segundo o próprio texto, representa os princípios internos da facção — Liberdade, Respeito, Luta, Justiça e União — e foi usado para reforçar o caráter disciplinar da decisão. O aviso também destaca que os integrantes de cada região ficam responsáveis por garantir que a norma seja cumprida, incluindo a obrigação de punir quem desobedecer.
Veja comunicado:

Morte após ostentação
A proibição ganhou força depois da morte de Luiz Felipe Honorato Romão, conhecido como “Mangabinha”, uma das figuras mais recentes a descumprir a orientação de não ostentar armas on-line.
Horas antes de morrer, Mangabinha publicou um vídeo dançando funk, segurando um copo de cerveja e exibindo armamentos pesados, incluindo granadas, além de vestir um colete tático. A gravação circulou entre criminosos e chamou atenção das autoridades.
O traficante foi localizado na manhã do dia 21 de novembro, durante uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. Ele morreu em confronto com os agentes um dia após a postagem.
Ligação com execução
Mangabinha era apontado como o principal responsável pela execução do policial civil José Antônio Lourenço Junior. Investigadores afirmam que o criminoso atuava como soldado do tráfico, fazendo a segurança de lideranças do CV nas áreas conhecidas como Karatê e 13, dentro da Cidade de Deus.
Nas redes sociais, o faccionado costumava ostentar sua rotina criminosa: aparecia com fuzis, rádios comunicadores, granadas, além de publicar mensagens que incitavam a violência contra policiais.
A ordem de silêncio do CV busca evitar que integrantes sejam rastreados pelas postagens, algo que já levou à prisão ou morte de diversos membros da organização nos últimos anos. As redes sociais têm sido consideradas um “rastro digital” que facilita o trabalho da inteligência policial.
O novo comunicado demonstra que a facção tenta controlar a exposição pública dos seus soldados, numa tentativa de reduzir perdas e reforçar disciplina interna.
