Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) revelam que, em 2025, 61,2% do público-alvo tomou a primeira dose da vacina da dengue. Quando analisado o ciclo completo (ou seja, duas doses do imunizante), esse número cai para 35,8%. O abandono da segunda etapa vacinal é motivo de preocupação para especialistas em doenças infectocontagiosas. Com a aprovação da dose única do Butantan, a esperança é que a quantidade de brasileiros totalmente imunizados contra a doença cresça consideravelmente.
De acordo com a SES-DF, até 31 de outubro deste ano, foram aplicadas 111.793 primeiras doses da vacina contra a dengue, e 65.549 segundas doses. O estoque atual é de 20 mil doses da vacina, realizada de acordo com a demanda calculada pelo Ministério da Saúde.
Algumas perdas físicas de imunizantes, devido a fatores como temperatura, frascos quebrados e problemas no rótulo, foram registradas: 156 doses em 2024, e 132 em 2025.
Infectologista da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (FEPECS), Joana Gonçalves comenta que as expectativas para o crescimento na adesão à imunização completa é positiva.
“A multivacinação – quando há mais de uma dose ou retorno nas unidades de saúde – faz com que a taxa de cobertura vacinal caia drasticamente”, compartilhou a especialista.
Joana exemplifica, ainda, o aumento de vacinações contra o HPV, desde que a dose única passou a ser distribuída: “A vacinação contra o HPV era de três doses e, agora que é uma só, essa cobertura vacinal aumentou muito. E com a dengue não vai ser diferente”, conclui Gonçalves.
Sobre a vacina de dose única
A vacina brasileira de dose única contra a dengue chamada de Butantan-DV está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, e foi aprovada nesta quarta-feira (26/11) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O imunizante ainda não tem data oficial para chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou em 25 de junho desse ano que a expectativa é que a distribuição comece já no ano que vem.
Os próximos passos para distribuição no SUS passam por autorização de preço à Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (CMED), com fixação do preço máximo de comercialização do imunizante mesmo que seja distribuído gratuitamente pelo governo; análise dos resultados de estudos, custo benefício e potencial de inovação tecnológica pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e, finalmente, a incorporação no SUS.
A imunização será destinada a pessoas de 12 a 59 anos. O Butantan espera aumentar a faixa etária para aplicação da vacina, e já conseguiu autorização da Anvisa para testar a fórmula na população entre 60 e 79 anos.