Antes de revisitar o Caetano Veloso contemporâneo, que segue lotando festivais e influenciando artistas do mundo inteiro, é preciso olhar para um momento-chave de sua trajetória: Cores, Nomes, de 1982. O álbum, às vezes subestimado nas análises mais apressadas, é uma verdadeira moldura do Caetano em movimento — inquieto, expansivo e disposto a experimentar.
O disco ocupa o segundo lugar no ciclo de quatro álbuns autorais lançados consecutivamente entre 1981 e 1984 e marca a entrada de Caetano em uma estética que dialogava com o início dos anos 80: sintetizadores, minimalismo, cores fortes e uma melancolia difusa que se infiltrava até nas canções mais solares.
“Trem das Cores” é o grande carro-chefe, uma pintura musical que combina lirismo e sinestesia — uma viagem cromática que só Caetano saberia transformar em canção. Já “Meu Bem, Meu Mal” apresenta um romantismo sofisticado, com versos que transbordam afeto e precisão poética.
Mas o disco também revela ousadias. “Ele Me Deu um Beijo na Boca” tem narrativa fragmentada e surreal, enquanto “Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê” retoma a ancestralidade afro-brasileira em atmosfera minimalista. Caetano também se reinventa como intérprete em versões memoráveis de Caymmi, Djavan e Peninha.
Cores, Nomes é um documento do artista que se reinventava enquanto dialogava com a modernidade, abrindo caminhos para sua fase mais pop no fim da década. Essa reinvenção permanente — marca registrada de Caetano — estará em cena no Festival Estilo Brasil, onde o artista se apresenta no dia 11 de dezembro, em Brasília.
O Festival Estilo Brasil é apresentado pelo Banco do Brasil Estilo, com realização do Metrópoles e produção da Oh! Artes.
Programação
Caetano Veloso
11 de dezembro
Liniker
14 de dezembro
Festival Estilo Brasil
Local: Ulysses Centro de Convenções
Ingressos: Bilheteria Digital
