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    Descubra por que pular sua primeira mamografia pode ser perigoso

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    Uma pesquisa publicada em setembro deste ano no BMJ mostrou que mulheres que não fizeram a primeira mamografia apresentaram um risco maior de desenvolver câncer de mama em estágio avançado posteriormente. Os resultados também indicaram um risco 40% maior de morte pela doença.

    Entenda 

    • Os pesquisadores analisaram mais de 430 mil mulheres suecas entre 1991 e 2020;
    • As diretrizes sofreram algumas alterações nesse período. Inicialmente, as participantes eram incentivadas a fazer a primeira mamografia aos 50 anos. No entanto, após 2005, essa idade foi reduzida para 40 anos;
    • Ao longo de 25 anos, foram documentados 16.059 casos de câncer de mama;
    • Os estudiosos compararam os casos e óbitos com a adesão das participantes às orientações recomendadas para a realização de mamografias;
    • As descobertas indicaram que mulheres que optaram por não fazer a primeira mamografia apresentaram risco 40% maior de morte por câncer de mama, risco 53% maior de diagnóstico da doença em estágio 3 e risco 260% maior de diagnóstico de câncer de mama em estágio 4;
    • A não realização do exame também foi associada a uma maior probabilidade de faltar a exames de rastreio de câncer de mama futuros.
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    Para os cientistas, o interessante é que não havia grandes diferenças no número de casos de câncer entre os dois grupos de mulheres ao longo dos 25 anos. Segundo os resultados, 7,8% das participantes que fizeram a primeira mamografia receberam o diagnóstico da doença, enquanto 7,6% das que adiaram o exame receberam o mesmo diagnóstico.

    MamografiaMulheres que não fizeram a primeira mamografia apresentaram um risco maior de desenvolver câncer de mama em estágio avançado posteriormente

    Portanto, os dados concluíram que o grupo de participantes que não fizeram a primeira mamografia não apresentou mais casos de câncer de mama ou casos mais graves, mas sim que seus casos foram detectados em estágios mais avançados, quando eram mais letais.

    O momento certo para fazer a mamografia

    Em conversa com a coluna Claudia Meireles, a ginecologista e obstetra Paula Fettback, especialista em reprodução humana pela FEBRASGO, explica que a recomendação mais aceita é que as mulheres façam a primeira mamografia de rastreamento aos 40 anos, repetindo o exame anualmente. “Esse é o padrão adotado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, pelo Colégio Americano de Radiologia e por diversas sociedades médicas internacionais”, diz.

    “A mamografia é o principal exame para detectar o câncer de mama ainda em fase inicial — quando não há sintomas e o tratamento é mais simples e eficaz. Pular a primeira mamografia é perigoso porque justamente nessa idade o exame pode identificar lesões pequenas, antes que se tornem palpáveis ou avancem”, destaca a profissional.

    Segundo a especialista, apenas 5% a 10% dos casos de câncer de mama estão ligados a fatores genéticos hereditários, como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Na maioria das mulheres, o risco está mais relacionado ao estilo de vida e fatores hormonais — como obesidade, sedentarismo, consumo de álcool, uso prolongado de hormônios e idade da primeira menstruação ou menopausa. “Ou seja, mesmo quem não tem histórico familiar deve manter o rastreamento, porque a maioria dos casos ocorre em mulheres sem antecedentes genéticos”, afirma.

    MamografiaA recomendação mais aceita é que as mulheres façam a primeira mamografia de rastreamento aos 40 anos, repetindo o exame anualmente

    Paula sustenta que a mamografia é um exame rápido e seguro, que dura poucos minutos. “Pode causar um leve desconforto durante a compressão da mama, mas é totalmente tolerável”, pondera ela, acrescentando que não há necessidade de preparo especial. “Mulheres com mamas muito sensíveis podem preferir agendar o exame logo após o período menstrual, quando o tecido está menos dolorido”, observa.

    “A mamografia deve ser solicitada e acompanhada por um ginecologista ou mastologista, os especialistas em saúde da mama. O exame é realizado por um radiologista treinado em imagem mamária, geralmente em clínicas de diagnóstico ou hospitais com serviço de radiologia. É importante que o local tenha equipamentos modernos e profissionais experientes, o que garante melhor qualidade e menor desconforto”, frisa a médica.

    Atualmente, graças aos avanços no diagnóstico precoce, nas cirurgias menos invasivas e nos novos medicamentos, as chances de cura da doença superam 90% quando o câncer é detectado em estágio inicial. “Por isso, aderir à mamografia desde o primeiro exame é fundamental: quanto antes o tumor é identificado, mais simples é o tratamento, com maior preservação da mama e menor necessidade de quimioterapia. Detectar cedo salva vidas — e tudo começa com o primeiro exame”, salienta.

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