Pouco antes de ser executado em Praia Grande, no litoral paulista, o ex-delegado-geral da Polícia Civil e então secretário municipal da Administração Ruy Ferraz Fontes caminhou pelos corredores da prefeitura da cidade litorânea como em qualquer dia de expediente.
Nada, segundo os depoimentos registrados no processo, indicava alteração no comportamento dele ou de quem cruzou com sua rotina naquela tarde. O que havia dentro do prédio era silêncio administrativo. Já fora sele, se preparava uma ação que resultaria no assassinato do ex-delegado conhecido na Polícia Civil por sua atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Às 18h13, Wellington de Melo Mota, funcionário da zeladoria, encerrou o turno e deixou o prédio. Minutos antes, havia passado por Ruy, que não o cumprimentou. O servidor explicou que aquilo “era o hábito da vítima” e, por isso, não estranhou.
Leia também
-
Caso Ruy Ferraz: MPSP denuncia 8 pelo assassinato do ex-delegado
-
Caso Ruy Ferraz: 3 investigados pela morte do ex-delegado são soltos
-
Quem era Ruy Ferraz, ex-delegado algoz do PCC assassinado em SP
-
Caso Ruy Ferraz: suspeito diz que buscava filha na hora do assassinato
Essa foi a última observação registrada dentro da prefeitura antes do ataque. Em seguida, Wellington desceu a rampa, saiu, e não viu mais o secretário. Três minutos depois, às 18h16, a emboscada foi iniciada.
Ruy Ferraz Fontes foi perseguido por atiradores portando armas de guerra, e foi fuzilado logo após perder o controle de seu carro e colidir contra dois ônibus. A ação dos assassinos foi registrada em vídeo (assista abaixo).
Tiros fora da prefeitura
A primeira ruptura da rotina veio pelo som. Ronaldo Muniz de Lima Souza, agente da Secretaria de Urbanismo, declarou ter ouvido pessoas gritando para que todos voltassem para dentro “pois havia tiros” do lado de fora da prefeitura.
Ele estava dentro do prédio quando escutou o tumulto, antes mesmo de saber que se tratava de um ataque direcionado ao secretário do governo municipal.
O processo ainda revela que outros servidores — como da Subsecretaria de Planejamento e Controle Orçamentário — também estavam na prefeitura naquele momento, executando tarefas administrativas que não tinham relação direta com o secretário municipal.
Esses depoimentos, alinhados, montam o retrato de uma prefeitura funcionando normalmente, sem qualquer sinal visível de tensão prévia.
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Câmera de segurança/Reprodução
A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Redes sociais/Reprodução
O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Valentina Moreira/Metrópoles
O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Valentina Moreira/Metrópoles
O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Valentina Moreira/Metrópoles
O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Valentina Moreira/Metrópoles
Execução atribuída ao PCC
Essa reconstrução das últimas horas de Ruy na prefeitura, extraída de trechos do processo, revela um contraste contundente entre o ambiente interno e o desfecho externo. Dentro, havia corredores silenciosos, servidores encerrando expediente, pessoas se preparando para sair. Fora, segundo a Polícia Civil, já estavam posicionados os responsáveis pela execução que seria atribuída ao PCC.
A normalidade burocrática registrada no processo mostra que, até os últimos passos de Ruy dentro da prefeitura, ninguém percebeu nada fora do lugar.
Veja quem são os indiciados pela morte de Ruy Ferraz:
- Paulo Henrique Caetano Sales, conhecido como PH: É um dos atiradores e fez a chamada “contenção”, impedindo a aproximação de outras pessoas. Chegou na cena do crime em uma Hilux preta. Ele foi preso em 24 de outubro.
- Luis Antônio Rodrigues de Miranda, conhecido como Gão: Ele dirigia a Hilux que deixou PH na cena do crime. Está foragido.
- Umberto Alberto Gomes: É o atirador que mais atingiu Ruy, com 20 disparos de fuzil. Após o crime, ele fugiu para o Paraná e morreu em um confronto com policiais civis, em 30 de setembro.
- Rafael Marcel Dias Simões, conhecido como Jaguar: Apontado como um dos atiradores e identificado como membro do PCC, ele se entregou à polícia em São Vicente, litoral paulista, em 20 de setembro.
- Marcos Augusto Rodrigues Cardoso, conhecido como Fiel: Ele seguiu o ex-delegado quando a vítima deixava o prédio da prefeitura. Fiel dirigia um Logan branco e foi quem deu o sinal para os atiradores entrarem em ação. Ele foi preso em 3 de novembro.
- Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano: Envolvido com a fuga, ele deixou a chave dentro de um Renegade prata, o que impediu que o grupo usasse o carro para fugir. Ele foi preso em 6 de outubro.
- Flávio Henrique Ferreira de Souza: Também envolvido com a fuga, foi identificado a partir de impressões digitais deixadas dentro do Renegade. Está foragido.
- William Silva Marques: Proprietário de uma casa em Praia Grande, próxima ao local da emboscada, que foi usada como escritório pelos criminosos. Sabia da finalidade do uso do imóvel antes de alugá-lo. Ele foi preso em 21 de setembro.
- Cristiano Alves da Silva, conhecido como Cris Brown: Dono de uma casa em Mongaguá, também usada como centro de logística pelo grupo. Sabia da finalidade do uso do imóvel antes de alugá-lo. Ele foi preso em 17 de outubro.
- Dahesly Oliveira Pires: Namorada de um dos atiradores, foi presa em 18 de setembro por ter buscado um dos fuzis usados no crime em uma casa em Praia Grande, no dia seguinte à execução.
- José Nildo da Silva: Foi gravado por câmeras de monitoramento chegando armado à casa em Itanhaém. Na ocasião, ele dava cobertura a Umberto Alberto Gomes, que estava escondido no endereço. Foi preso em 21 de outubro.
- Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão: Ajudou Jaguar a fugir da Baixada Santista e chegar até a Grande São Paulo, logo após o crime. Foi preso em 19 de setembro.
- Danilo Pereira Pena, conhecido como Matemático: Designou Fofão para realizar o transporte de Jaguar do litoral para a região metropolitana. Foi preso em 16 de outubro.
A investigação apontou que os envolvidos no crime se dividiram em dois grupos: o primeiro atuou diretamente no homicídio do ex-delegado e, o segundo, no suporte à ação — transportando armas, ou com o apoio na fuga.
Conforme registrado por uma câmera de monitoramento, os criminosos estacionaram o carro que ocupavam às 18h02, em uma rua perto da Prefeitura de Praia Grande. Dali, iniciou-se uma perseguição, que se encerrou com uma dupla colisão do carro de Ruy, contra dois ônibus, e seu fuzilamento.
O relatório final indica, ainda, que um 13º envolvido, que estaria no banco de trás de uma Hilux usada no crime e que também seria um dos atiradores, ainda não foi formalmente identificado. A polícia, porém, afirma que já tem o nome de um suspeito.
