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    Dissimulado, assassino de aposentado se “solidarizou” com a família

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    A família de Pascoal Oliveira Ramos (foto em destaque), 70 anos, tinha esperança de encontrá-lo com vida. O aposentado estava desaparecido desde 16 abril, quando foi visto pela última vez em sua chácara, no Novo Gama (GO), Entorno do DF. A descoberta do corpo dele, enterrado há sete meses no próprio lote, gerou revolta entre os parentes, que classificaram o crime como bárbaro.

    A última pessoa que viu Pascoal vivo foi Pedro Henrique Caitano Gomes, 25 anos. O açougueiro confessou ter estrangulado com um cinto o aposentado e, depois, enterrado o corpo dele com cal em uma cova rasa. Após ser preso nessa terça-feira (11/11), ele indicou o local onde havia desovado o cadáver.

    A confissão aconteceu sete meses após o autor do assassinato trocar mensagens com a família de Pascoal. Em um primeiro contato, ele chegou a lamentar o desaparecimento da vítima.

    Câmeras de segurança mostraram Pascoal saindo de casa, por volta das 7h, rumo a chácara dele no Pedregal, bairro do Novo Gama (GO). Ele saiu de casa deixando o celular para trás. Antes de desaparecer, o aposentado teria efetuado mais de 10 ligações para um número de telefone que a família descobriu ser o de Pedro Henrique.

    Venda de lote

    Os parentes conseguiram localizar o açougueiro pelas redes sociais. No perfil dele no Instagram, o jovem havia postado que o celular dele estava com o chip quebrado e sem funcionar. A postagem levantou suspeitas da família, que enviou mensagens para ele.

    Um dia depois, Pedro Henrique retornou o contato dos familiares de Pascoal. Na ocasião, ele disse que “sentia muito” pelo desaparecimento do aposentado.

    O autor também relatou que tinha conhecido a vítima dias antes do sumiço, quando Pascoal teria o chamado para capinar um lote.

    No entanto, quando chegou ao terreno, o mato já estaria capinado. Todavia, o suspeito aproveitou para perguntar por quanto o terreno seria vendido, e Pascoal teria pedido R$ 150 mil. Os dois combinaram um novo encontro para tratar da negociação no dia, mas Pascoal nunca mais foi visto.

    Desconfiados do açougueiro, os familiares perguntaram para ele qual seria a roupa que Pascoal estava vestindo quando o viu pela última vez. A descrição das vestimentas bateu exatamente com a que o aposentado saiu de casa no dia em que desapareceu: uma bermuda jeans e regata azul.

    Os parentes pediram, então, para encontrar Pedro Henrique pessoalmente para que ele desse mais detalhes sobre a suposta negociação com o aposentado.

    O encontro aconteceu em um local público. De acordo com a família de Pascoal, o autor estava bastante nervoso e trêmulo. Ainda, segundo os parentes, Pedro Henrique teria dito que achava que estavam desconfiando dele.

    “Eu sou da Bahia, estou morando há pouco tempo no Entorno. Fiquei sabendo que aqui em Brasília as pessoas matam por qualquer coisa”, teria falado o autor, conforme relato da família.

    Diante dessa reação, a família se deslocou com ele para a 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria). No local, o açougueiro prestou depoimento. Porém, pela falta de provas e confissão, foi solto. Aproveitando da oportunidade, fugiu para a Bahia.

    Pedro Henrique foi preso no estado nordestino por policiais civis do Grupo Especial de Investigação de Homicídios (GIH) do Novo Gama, em operação conjunta com a 11ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin) de Barreiras, nessa terça-feira (11/11).

    Aos policiais, Pedro Henrique confessou o crime e indicou o local onde havia enterrado o corpo de Pascoal. Com base nas informações fornecidas pelo suspeito, equipes do GIH e do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás se deslocaram até o endereço indicado.

    Veja imagens:

    8 imagensBombeiros desenterrando o corpoSuspeito presoPoliciais que participaram da operação para prender Pedro HenriqueA polícia já foi ao local onde Pascoal desapareceu para realizar períciaIdoso foi visto pela última vez no dia 16 de abrilFechar modal.1 de 8

    Localização do corpo no Novo Gama

    Reprodução / PCGO2 de 8

    Bombeiros desenterrando o corpo

    Reprodução / PCGO3 de 8

    Suspeito preso

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    Policiais que participaram da operação para prender Pedro Henrique

    Reprodução / PCGO5 de 8

    A polícia já foi ao local onde Pascoal desapareceu para realizar perícia

    Arquivo Pessoal/Divulgação6 de 8

    Idoso foi visto pela última vez no dia 16 de abril

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    A Polícia Civil de Goiás investiga o homicídio

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    Pascoal era morador de Santa Maria

    Arquivo Pessoal/Divulgação

    O suspeito foi encaminhado à unidade prisional local, onde permanece à disposição da Justiça de Goiás. O inquérito policial segue em andamento para esclarecer completamente o crime e responsabilizar os envolvidos.

    “Muito querido”

    Morador de Santa Maria, Pascoal possuía o terreno no Novo Gama para fazer plantações. Segundo a família, era o hobby dele. Mesmo com hidrocefalia e episódios de esquecimento, ele não deixava de cuidar das plantas no lote.

    Antes de se aposentar, ele também trabalhou como encarregado de serviços gerais em empresas de ônibus do Distrito Federal por mais de 30 anos.

    Agora, a família tenta entender o que teria acontecido para o aposentado ser assassinado. “Era uma pessoa muito divertida, muito querido. Tinha uma risada alta que todo mundo gostava. Não tinha dívidas e nem desafetos. Para nós, não há motivação de crime”, alegam os familiares.

    Após o desaparecimento do homem de 70 anos, os parentes estiveram várias vezes na chácara, na esperança de que ele aparecesse. Jamais imaginaram que ele estava esse tempo todo enterrado no local. De acordo com eles, cães farejadores estiveram no lote e não tinham detectado a presença do corpo até então.

    A família chegou a oferecer R$ 10 mil de recompensa por informações que levassem ao paradeiro dele.

    Para os parentes de Pascoal, o crime teria sido premeditado e motivado por ganância. Eles acreditam que o assassino queria ter acesso ao lote da vítima.

    Os familiares aguardam a liberação do corpo de Pascoal pelo Instituto Médico Legal (IML) para que possam organizar um enterro. O aposentado deixa quatro filhos, a ex-esposa, netos e uma bisneta.