O dólar operava perto da estabilidade na manhã desta sexta-feira (28/11), em mais um dia de pregão mais esvaziado nos Estados Unidos, após o feriado da véspera pelo Dia de Ação de Graças – a sessão da Bolsa de Valores de Nova York ficará aberta apenas durante parte do dia.
No cenário doméstico, o principal destaque é a divulgação dos dados oficiais de desemprego no país no mês de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A aprovação do Plano Estratégico da Petrobras para o período entre 2026 e 2030 também chama atenção dos investidores. A companhia anunciou a redução dos investimentos para os próximos cinco anos, em decisão já esperada pelo mercado.
Dólar
- Às 9h11, a moeda norte-americana avançava 0,02% e era negociada a R$ 5,353.
- Na véspera, o dólar terminou a sessão em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,352.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,52% em novembro e de 13,4% frente ao real em 2025.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em leve queda de 0,12%, aos 158,3 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 6,03% no mês e de 31,82% no ano.
Desemprego no Brasil
Os investidores repercutem, neste último pregão da semana, os dados oficiais de desemprego Brasil divulgados pelo IBGE.
Em outubro, a taxa de desocupação foi de 5,4%, a menor da série histórica iniciada em 2012. O índice recuou nas duas comparações: -0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior (5,6%) e -0,7 ponto percentual ante o mesmo período do ano passado (6,2%).
A população desocupada foi de 5,9 milhões, o menor contingente da série histórica, recuando 3,4% (menos 207 mil pessoas) no trimestre e caindo 11,8% (menos 788 mil pessoas) no ano. A população ocupada, de 102,6 milhões, ficou estável no trimestre e cresceu em 926 mil pessoas no ano.
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi de 58,8%, registrando estabilidade.
A taxa composta de subutilização (13,9%) foi novamente a mais baixa da série, apresentando estabilidade na comparação frente ao trimestre anterior (14,1%) e 1,5 ponto percentual menor ante o mesmo trimestre de 2024 (15,4%).
Segundo o IBGE, a população subutilizada (15,8 milhões) manteve o menor contingente desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014, apresentando estabilidade no trimestre e queda de 10,1% (menos 1,7 milhões) no ano.
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Petrobras
Outro destaque do pregão é a Petrobras, que divulgou nessa quinta-feira (27/11) o Plano Estratégico da companhia para o período entre 2026 e 2030. A estatal projeta investimentos de US$ 109 bilhões para os próximos cinco anos.
O valor aprovado é 1,8% menor do que o que havia sido apresentado no ano passado. A redução dos investimentos da Petrobras já era esperada pelo mercado, em meio a um cenário de preços mais baixos do petróleo.
Em comunicado divulgado pela Petrobras, a empresa informa que US$ 91 bilhões serão destinados a projetos da Carteira de Implantação e outros US$ 18 bilhões à Carteira em Avaliação.
Entre as iniciativas que vão em direção à diminuição dos gastos, estão a redução de custos em plataforma sem produção, maior otimização da logística aérea e marítima e das intervenções em poços e inspeções submarinas, além do melhor aproveitamento de frete de retorno e da postergação de serviços não prioritários de rotina e conservação.
De acordo com o plano da Petrobras, a companhia deve investir US$ 19,4 bilhões no ano que vem, US$ 21 bilhões em 2027, US$ 20,5 bilhões em 2028, US$ 16,1 bilhões em 2029 e US$ 14,3 bilhões em 2030.
Em 2026, o investimento de caixa deve ser de US$ 16,9 bilhões, com a produção de 2,5 milhões de barris por dia (bpd). A produção deve atingir 2,7 milhões boed em 2028 e ficar em 2,6 milhões boed em 2029 e 2030.
Segundo a Petrobras, o foco da companhia ainda continua sendo óleo e gás, em uma estratégia de “dupla resiliência”, com baixo custo e baixa emissão, para que a empresa também avance, em paralelo e gradativamente, na transição energética.
De acordo com o projeto da Petrobras, US$ 78 bilhões serão destinados à exploração e à produção. Desse montante, US$ 69,2 bilhões são destinados a projetos da Carteira em Implantação Alvo em E&P, 62% ao pré-sal, 24% aos campos do pós-sal, 10% à exploração e 4% a outros segmentos, como terras, águas rasas e projetos no exterior e de descabornização.
A Petrobras prevê ainda US$ 20 bilhões para iniciativas de refino, transporte, comercialização, petroquímica e fertilizantes. Para gás e energias de baixo carbono, serão investidos US$ 9 bilhões.
Em um ambiente mais desafiador em relação aos preços do petróleo, a Petrobras também reduziu a remuneração aos seus acionistas para o período entre 2026 e 2030.
Segundo a companhia, os dividendos ordinários ficarão entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões. No plano anterior, a estimativa de até US$ 55 bilhões.
A Petrobras também informou que deixou de prever o pagamento de dividendos extraordinários, que, até então, eram projetados em até US$ 10 bilhões.
Galípolo
O mercado também segue repercutindo novas declarações do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que participou de um evento promovido pela pela Itaú Asset Management, em São Paulo, na véspera.
O presidente da autoridade monetária reconheceu que 2026 tende a ser um ano que gere “maior volatilidade” nos mercados em função da disputa eleitoral no Brasil. No ano que vem, o país terá eleições para a Presidência da República, os governos estaduais, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
“O BC já está olhando para um horizonte que perpassa o ano eleitoral. Vamos continuar vendo como as coisas estão se desenrolando. Sabemos que anos de eleição são anos que podem apresentar maior volatilidade, mas o BC segue na lógica de que não faz um juízo de valor sobre o que acha que será feito a partir da eleição”, afirmou Galípolo.
O chefe do BC foi questionado sobre a atual política monetária e disse que a autarquia vem mantendo o seu “plano de voo”, apesar de eventuais pressões e críticas em relação ao patamar mais restritivo dos juros no país.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no início do mês, a autoridade monetária manteve os juros inalterados, em 15% ao ano. O Brasil tem a quarta maior taxa nominal de juros do mundo e é o vice-líder no ranking global dos juros reais (a taxa nominal descontada a inflação). O mercado já vem projetando o início do ciclo de corte da Selic para o início do ano que vem.
“Do ponto de vista do BC, temos uma trajetória que vem seguindo próxima do que tínhamos imaginado de plano de voo. Quando começamos a elevar a taxa de juros, de um lado se tinha a ideia de que isso produziria um declínio abrupto da economia e, do outro lado, uma desconfiança sobre a reação do BC e se a política monetária daria conta de que produzir a convergência da inflação à meta. Esses dois riscos emagreceram significativamente”, observou Galípolo.
Segundo o presidente do BC, “os dados continuam mostrando um processo de desaquecimento da economia, mas bastante lento e gradual”. “De um lado, isso nos deixa atentos e preocupados e, por outro lado, ele afasta o risco de produzir uma desaceleração muito abrupta da economia”, disse.
“Não é de hoje que o Brasil tem as taxas de juros mais altas quando comparado aos seus pares. O BC deixou claro e vai continuar deixando claro que cumprirá o seu mandato, produzindo a convergência da inflação à meta com mais custo ou menos custo”, prosseguiu Galípolo.
Análise
Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a trajetória do dólar na véspera foi “um movimento típico de correção, impulsionado principalmente pela liquidez reduzida pelo feriado de Ação de Graças nos EUA, que deixa o mercado mais cauteloso e limita a busca por risco”.
“Depois de três dias consecutivos de valorização do real, o movimento técnico de realização e ajuste ganhou força, abrindo espaço para uma alta pontual da moeda. Além disso, o aumento das rolagens de contratos futuros na véspera da última Ptax de novembro adicionou volatilidade ao mercado, reforçando o viés comprador e contribuindo para a pressão de apreciação do dólar”, explicou.
Para Gabriel Mota de Souza, sócio da Manchester Investimentos, o mercado deve reagir positivamente ao plano estratégico da Petrobras. “Se você pegar todos os consensos dos analistas, verá que veio bem próximo do esperado”, avalia.
“Apesar de se esperar isso, sempre há medo de a Petrobras acabar investindo mais do que deveria. E, se tem um investimento maior do que consegue entregar, no cenário de Brent mais baixo, consequentemente você tira dividendo, não tem mágica. Como veio em linha com o esperado, acredito que pode ser positivo para a empresa hoje.”
