O dólar operava em queda na manhã desta terça-feira (11/11), em um dia no qual os investidores repercutem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e os novos dados de inflação no Brasil.
No cenário externo, o mercado acompanha o provável fim do shutdown nos Estados Unidos – a paralisação de diversos setores do governo norte-americano, que já é a maior da história do país.
Dólar
- Às 9h12, a moeda norte-americana recuava 0,37% e era negociada a R$ 5,288.
- Na véspera, o dólar terminou o dia em baixa de 0,55%, cotado a R$ 5,307.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 1,36% em novembro e de 14,12% frente ao real em 2025.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em alta de 0,77%, aos 155,2 mil pontos. Foi o 11º recorde de fechamento seguido do Ibovespa.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 3,82% no mês e de 29,08% no ano.
Ata do Copom
As atenções dos investidores se voltam hoje para a divulgação da ata da última reunião do Copom, que manteve a taxa básica de juros (Selic) inalterada, em 15% ao ano. A ata do Copom foi divulgada na manhã desta terça-feira.
O atual patamar da taxa de juros no Brasil, de 15% ao ano, é o maior em quase duas décadas, desde 2006. O país também é o vice-líder no ranking global das maiores taxas reais de juros do mundo.
A taxa real de juros é resultante da taxa nominal de juros descontada a inflação no período. De acordo com os dados da consultoria MoneYou, os juros reais da economia brasileira estão atualmente em 9,74% ao ano, ante 17,8% da Turquia e 9,1% da Rússia.
No ranking do juro nominal, o Brasil aparece na quarta colocação, atrás de Turquia (39,5%), Argentina (29%) e Rússia (16,5%).
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Segundo a ata do Copom, as negociações comerciais entre Brasil e EUA ainda são fontes de incertezas imediatas. Além disso, o shutdown nos EUA aumenta a dificuldade de se avaliar a conjuntura corrente. A avaliação do comitê é de que persiste maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela. Para o colegiado, o cenário externo segue incerto e com risco de longo prazo.
“Os riscos de longo prazo, como a política comercial norte-americana, a precificação apropriada de fundamentos e a elevação de gastos fiscais em vários países, se mantêm presentes. Já sobre as fontes de incerteza mais imediatas, destacam-se as negociações comerciais entre Brasil e EUA e a condução da política monetária norte-americana em ambiente de government shutdown, que aumenta a dificuldade de se avaliar a conjuntura corrente”, afirmou o Copom.
Na ata, o Copom diz ainda que a atividade econômica doméstica manteve trajetória de moderação no crescimento, reforçando a interpretação do cenário delineado pelo comitê estar, até agora, se concretizando, ou seja, o aumento da taxa de juros está se refletindo na economia do país.
“Os dados mais recentes corroboram, em geral, o prosseguimento de uma redução gradual de crescimento, ainda que, em momentos de inflexão no ciclo econômico, seja natural observar sinais mistos advindos de indicadores econômicos ou alguma diferença entre as expectativas e as divulgações”, diz o texto.
“A ata do Copom foi complementar ao comunicado, a continuidade de um tom mais duro, um BC ortodoxo. O BC, ainda que reconheça sinais de melhora no balanço de riscos, mostra uma autoridade monetária bastante convicta de que a inflação ainda é um desafio”, avalia Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.
“Mesmo diante de uma economia que dá mostras de arrefecimento, o Copom coloca na ata que a atividade doméstica vem mostrando sinais de moderação em linha com o esperado. Então, indica que a política monetária atual, com os juros a 15%, vem surtindo efeito. Isso demonstra que, apesar de o BC deixar a porta aberta para o caso de serem necessários novos apertos, ele mostra que essa política monetária tem surtido efeito e o fim do ciclo, pelo menos de alta, fica cada vez mais claro.”
Inflação no Brasil
Outro destaque do dia para o mercado financeiro é a divulgação dos dados oficiais da inflação de outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,09% em outubro, 0,39 ponto percentual abaixo em relação à taxa de setembro (0,48%).
No acumulado do ano até outubro, a inflação no Brasil ficou em 3,73%. Em 12 meses, o índice foi de 4,68%, abaixo dos 5,17% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro do ano passado, a variação havia sido de 0,56%.
Em outubro, três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram variação negativa: artigos de residência (-0,34%), habitação (-0,30%) e comunicação (-0,16%). Do lado das altas, as variações ficaram entre 0,01% de alimentação e bebidas e 0,51% de vestuário.
Fim do shutdown nos EUA
No front externo, os investidores monitoram a situação nos EUA, com o fim iminente do shutdown que vem paralisando o governo há 40 dias. O Senado norte-americano aprovou, na noite de segunda-feira (10/11), um acordo de financiamento para encerrar o shutdown. O projeto de lei segue agora para a Câmara dos Representantes e deve ser apreciado até quarta-feira (12/11).
O acordo, costurado entre parlamentares republicanos e um grupo centrista de democratas, foi aprovado por 60 votos a 40. O projeto vai restabelecer serviços que foram paralisados no último mês, como o auxílio alimentar federal e o pagamento de centenas de milhares de funcionários federais.
Se aprovado na Câmara, o projeto de lei precisa ser sancionado pelo presidente Donald Trump, que já demonstrou interesse em fechar um acordo para finalizar o shutdown. O presidente da Câmara, Mike Johnson, já orientou os deputados a retornarem a Washington nas próximas horas para votar o texto e garantir o fim do shutdown.
A paralisação do governo, que começou após o impasse sobre o orçamento federal, levou à suspensão de atividades em diversas agências e deixou milhares de servidores sem remuneração.
Trump, que declarou apoio ao acordo, deverá sancionar o projeto de lei após sua aprovação pelo Congresso. A expectativa é a de que, com o avanço da votação no Senado, o texto chegue à Câmara ainda nesta semana.
