O senador Sérgio Moro (União Brasil) cobrou o diretor-geral da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (18/11), durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do crime organizado sobre operações da corporação contra organizações criminosas e citou uma suposta percepção de que a PF não estaria “fazendo o suficiente”.
“Talvez por esse episódio do Rio de Janeiro, houve uma percepção de que a Polícia Federal não está fazendo o suficiente, ou pelo menos a direção da Polícia Federal não está agindo o suficiente no enfrentamento ao crime organizado”, afirmou Moro.
Na sequência, o parlamentar passou a questionar o diretor da PF sobre as operações e forças-tarefa da corporação direcionadas ao desmantelamento de facções, a exemplo do Comando Vermelho.
O CV foi alvo, no final de outubro, da citada operação no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes. Na época, Andrei afirmou que não fazia “sentido” a participação da PF na ação da polícia do Rio, embora tenha havido contato em nível operacional entre as entidades.
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“Houve um contato no nível operacional, informando que haveria uma grande operação e [questionando] se a Polícia Federal teria alguma possibilidade de atuação na sua área, no seu papel. […] A partir dessa análise geral, entendemos que não era o modo que a Polícia Federal atua, o modo de fazer operações”, explicou Andrei.
Segundo o diretor-geral da corporação, a Superintendência do Rio entendeu que a PF não tinha atribuição legal para participar da megaoperação.
“Naquela operação, que é do estado, tinha mais de 100 mandados para cumprir do estado do Rio, e nós não teríamos nenhuma atribuição legal para participar; portanto, não fazia sentido nossa participação”, completou o diretor.

Depois de falar sobre a percepção de inércia da PF, Moro também citou que a corporação instituiu um grupo específico para investigar os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro, e questionou por que a PF não teria iniciativas semelhantes direcionadas ao Comando Vermelho ou ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em resposta ao senador, Andrei negou que esse seja o caso, afirmando que a PF possui, sim, grupos focados na investigação de facções como a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco).
“Esses grupos [como o Ficco] são permanentes de atuação da Polícia Federal. Respondendo objetivamente, existem, sim, a exemplo do que foi feito com o crime organizado que tentou um golpe de estado, nós também fazemos para o crime organizado nas bases Ficco, nas bases Gise [Grupos de Investigações Sensíveis]. E agora, cumprindo a ADPF 635 [das favelas], na operação Redentor II, que estamos atuando no Rio de Janeiro em razão dessas organizações”, ressaltou.
Andrei ainda afirmou que a PF possui uma divisão de análise de dados de facções criminosas, criada recentemente, que mapeia lideranças e faz um balanço de quem está preso, quem está solto e repassa as informações às unidades.