Durante julgamento da ação que discute o reconhecimento da violação sistemática dos direitos fundamentais da população negra e pede a adoção de medidas de reparação e de políticas públicas em favor dessas pessoas, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), cometeu uma gafe. Relator da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 973) e após fazer amplo discurso sobre a importância de extirpar o racismo estrutural da sociedade, Fux usou uma expressão considerada racista. Veja:
Após citar dados, falar sobre omissões concretas do poder público na efetivação de preceitos fundamentais à luz do Supremo, de falar sobre episódios trágicos com pessoas negras, como George Floyd, Fux afirmou: “ultrapassando esse passado negro”. Veja vídeo:
O ministro se corrigiu após falar: “Quer dizer, ultrapassando esse passado de racismo”.
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A expressão “passado negro” é considerada racista porque ela se encaixa em um conjunto de termos da língua portuguesa que associam a cor preta ou a palavra “negro” a algo pejorativo, negativo, sombrio, prejudicial ou difícil. É a chamada associação negativa.
A expressão usa o termo “negro” no sentido figurado de algo ruim – “sombrio”, “fúnebre”, “desagradável” – , o que reforça estereótipos negativos e preconceituosos em relação às pessoas negras.
